Os eleitores da Alemanha foram às urnas neste domingo 23 e, confirmando a expectativa crescente nas últimas semanas, confirmaram a vitória das forças conservadoras no país e a ascensão da extrema-direita.
Segundo as primeiras pesquisas de boca de urna na Alemanha, a sigla União Democrata Cristã (CDU), que faz coalizão com a também conservadora União Social Cristã (CSU), obteve 29% dos votos.
A eleição realizada hoje serviu para definir os novos membros do Parlamento alemão, conhecido como Bundestag. Caso a vitória se confirme, o resultado representa o fim da dominância política do atual chanceler alemão, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata.
A sigla de Scholz, aliás, apareceu na terceira posição, segundo as pesquisas, com 16% dos votos. Ela foi seguida pelo Partido Verde (13,5%) e pelo bloco formado por siglas de esquerda (8,6%).
O principal avanço nas esteiras do poder Legislativo alemão foi alcançado pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou com 19,5% dos votos. Com isso, a AfD quase duplicou os votos obtidos no pleito anterior, realizado em 2021, quando ficou com cerca de 10% da votação.
A CDU é liderada pelo conservador Friedrich Merz, que comentou a votação dizendo que considera importante formar um governo “o quanto antes”. Para ele, o resultado mostra que “a Alemanha está presente na Europa novamente”.
Embora a CDU tenha obtido a maior porcentagem de votos, não foi capaz de garantir a maioria das 630 cadeiras do Bundestag. Na prática, a legenda terá que fazer alianças com outros partidos para poder confirmar a eventual ida de Merz ao posto de chanceler. Não há prazo definido para que o novo governo se defina. Enquanto isso, Scholz seguirá no poder.
Negociações rumo à formação do governo
A dúvida, agora, é se Merz levará adiante o seu plano de formar uma coalizão da sua sigla com o SPD, o que repetiria uma fórmula já usada na Alemanha – conhecida como Grande Coalizão.
A necessidade de alinhamento com os quadros da sigla social-democrata se deve ao receio que o corpo político alemão e a própria sociedade do país têm em uma hipotética aliança com a AfD.
Crescimento da extrema-direita
Com um discurso radical contrário à presença de imigrantes no país, a AfD cresceu, mas deverá enfrentar um isolamento. Atualmente, o partido tem pouco mais de 70 deputados no Parlamento alemão, mas deverá dobrar a sua bancada.
Entretanto, as demais siglas do quadro político alemão já rejeitaram a ideia de negociar com o partido para formar o poder.
Merz
Nascido em 1955 na antiga Alemanha Oriental, Friedrich Merz faz parte da CDU desde a adolescência. Seu primeiro cargo como eurodeputado foi conquistado em 1989, mas, no ano seguinte, ele já chegou ao Bundestag.
Ele se tornou líder da CDU apenas em 2021, quando angariou poder dentro do partido com a saída de cena da ex-chanceler Angela Merkel, do qual é um histórico adversário político.
Com Merz, a CDU se tornou menos afeita à presença de refugiados, o que foi uma marca da gestão Merkel. Os críticos de Merz apontam nele um perfil excessivamente tolerante com os radicais da AfD.