Em entrevista ao Valor Econômico neste domingo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou o papel positivo do Brasil nas relações comerciais com os Estados Unidos, destacando que o país é uma “solução” para os desafios comerciais, não um “problema”.
O ministro sublinhou que o Brasil mantém um déficit comercial com os Estados Unidos, reforçando a parceria econômica entre as nações.
Alckmin mencionou que os Estados Unidos representam o maior investidor estrangeiro no Brasil e celebrou os 200 anos de amizade entre os dois países.
“Os Estados Unidos são o maior investidor no Brasil, é uma amizade de 200 anos. É um ganha-ganha”, afirmou. O fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos atingiu quase US$ 80 bilhões no último ano, com um superávit favorável aos norte-americanos.
Apesar das críticas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em dezembro, Alckmin destacou a diversificação da balança comercial do Brasil e as oportunidades de crescimento em setores como inteligência artificial, energia renovável, minerais críticos e semicondutores. “Temos uma avenida de possibilidades de parceria”, destacou.
O vice-presidente também salientou a habilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em manter relações diplomáticas com governos republicanos, incluindo o de George W. Bush.
“O presidente Lula é um homem do diálogo. Já governou com o Partido Republicano e teve uma boa relação”, declarou, reforçando a importância de separar as questões partidárias das relações de Estado.
Sobre o comércio global, Alckmin observou que, após a pandemia, houve uma transição para um modelo que valoriza a precaução e a segurança nas cadeias de suprimento.
“A globalização continua, mas com um novo princípio de precaução”, explicou. Ele defendeu medidas para reduzir o Custo Brasil e destacou o potencial da reforma tributária para impulsionar exportações e investimentos.
Alckmin também pontuou o papel do Brasil no cenário global, especialmente em segurança alimentar, energética e climática, além de comentar sobre a contribuição da migração para o desenvolvimento econômico. “São Paulo é o Estado onde japonês fala português com sotaque italiano. A migração trouxe vigor à atividade econômica”, comentou.
A entrevista concluiu com uma nota de otimismo sobre o amadurecimento de Trump em seu segundo mandato e a continuidade das parcerias estratégicas entre Brasil e Estados Unidos. “A experiência faz diferença, ajuda. Acho que teremos muitas oportunidades”, disse Alckmin, refletindo a visão otimista do governo brasileiro sobre as relações bilaterais com os Estados Unidos.