O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, reforçaram a importância de ações para proteger a economia brasileira e defender a soberania nacional frente aos ataques do governo de Donald Trump. Haddad e Alckmin debateram a conjuntura nacional e internacional durante reunião do Diretório Nacional do PT, na sede do partido, em Brasília, neste sábado (23). O debate foi conduzido pelo presidente nacional do PT, Edinho Silva.
O ministro Fernando Haddad ressaltou que o governo Lula reagiu estrategicamente ao tarifaço de Trump, apoiando o setor produtivo, concedendo crédito para as empresas afetadas e garantindo a manutenção do emprego dos trabalhadores de todo o país. “Nós aproveitamos o plano de contingência para enfrentar o tarifaço do Trump e incluímos mudanças estruturais no financiamento das nossas exportações, tanto do ponto de vista de crédito quanto de seguro. Nós vamos ter o tripé perfeito. Sistema tributário mais moderno do mundo, sistema de crédito, de seguro, para apoiar os exportadores, sobretudo os pequenos e médios, que não tinham seguro e passarão a ter com o plano de contigência”, disse Haddad, reforçando que “não podemos abrir mão da nossa soberania”.
De acordo com o ministro, o foco é manter o crescimento econômico e da renda dos trabalhadores. Ele destacou que a reforma da renda é importante para reduzir a desigualdade e estabelecer justiça tributária. “Quando assumimos, a isenção do imposto de renda estava em R$ 1.900. Agora está em pouco mais de R$ 3 mil. E vamos passar para R$ 5 mil. Mais da metade dos celetistas brasileiros estarão isentos do imposto de renda. 50% a mais dos que já estão isentos hoje. Vamos fortalecer a renda do trabalhador”, destacou.
Relações bilaterais
O ministro Fernando Haddad destacou que as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos tem 200 anos e que toda essa história não será apagada por conta das ações do governo Trump, que é temporário. Porém, o Brasil vai proteger sua soberania em detrimento de qualquer negociação. “Jamais passou pela nossa cabeça abrir mão da parceria com os Estados Unidos. Mas não nas condições que nos estão sendo impostas. Sempre mantivemos nossa postura altiva, séria e soberana. São povos com relações históricas de 200 anos. Não tem nenhuma razão para que isso mude, até porque o governo Trump é temporário. As tratativas estavam indo muito bem, até que essa ação hostil nos surpreendeu, por conta da ação de grupos de extrema-direita que de patriotas não tem nada. Nós não podemos abrir mão de nossa soberania, da independência dos Poderes. O nosso companheiro Alckmin está fazendo uma negociação muito altiva, com postura muito correta, com os Estados Unidos”, destacou.
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Alckmin
O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil é um dos poucos países do mundo em que os Estados Unidos tem superávit comercial, ou seja, mais vende do que compra do nosso país. Ele ressaltou que este dado revela que a imposição de tarifas é totalmente injustificada. “O tarifaço é injustificado, pois dos 10 produtos que os Estados Unidos mais exportam ao Brasil, 8 não pagam imposto. É zero, absolutamente zero. E a média tarifária é 2,7% e eles têm superávit na balança. Dos países do G20, somente com três países eles têm superávit, com o Brasil, Reino Unido e Austrália. Tem déficit com o mundo inteiro. 42% das nossas exportações para eles ficou fora do tarifaço. 16% mais ou menos, ficou na chamada sessão 232, em que nós e o mundo estamos iguais. Por exemplo, aço e cobre, 50% para todo mundo. Perdemos competitividade com os Estados Unidos, mas com o mundo não. Agora 37% ficamos com 10%, mais 40%, o que totaliza 50%, aí prejudica a exportação. Exportamos ano passado U$ 40 bilhões aos Estados Unidos. Nosso maior cliente é a China. Os Estados Unidos são o segundo”, disse.
Apesar do cenário, Alckmin destacou que nos últimos dias houve avanços da negociação e o governo norte-americano recuou em alguns itens. “Tem coisa que ficou de fora do tarifaço, como avião, suco de laranja, avião. Ficou dentro, comida, carne, café, indústria de máquinas, equipamentos, calçado, textil. Comida, eu não vendi lá, vou ter outros mercados. Agora produto manufaturado, é mais difícil de realocar. Acaba realocando, mas demora um pouco mais. O presidente Lula orientou primeiro a negociação. Nesta semana, o Departamento de Comércio passou para a sessão 232, o componente do aço e do alumínio. Ajuda a indústria de máquinas. U$ 2,6 bilhões de dólares, o que equivale a 6% da nossa exportação”, completou.
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O vice-presidente destacou que o governo Lula está tomando diversas medidas para proteger o país e avançar nas negociações, sempre com diálogo, mas visando os interesses nacionais e o respeito à nossa soberania.
Sabotagem
O senador Humberto Costa deu um panorama sobre o cenário político no Congresso. Ele destacou a tentativa de sabotagem da extrema-direita, que além de atuar pressionando por pressões internacionais contra o Brasil, também tenta obstruir os trabalhos do parlamento para tentar salvar golpistas da cadeia. “No Senado também há um reflexo deste momento de mudança que estamos vivendo. Lá, da mesma forma que na Câmara, a extrema-direita tem provocado um processo para tentar impedir o funcionamento. Focando sua atuação na questão da anistia, ataque ao Supremo, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes. No sentido das questões políticas, não acredito que teremos dificuldade de tramitar no Senado as questões como o imposto de renda. As medidas provisórias preocupam um pouco, pois tem prazo, como a medida da energia social, que barateia a conta de luz. Mas temos uma perspectiva muito positiva, se nós realmente viabilizarmos o que temos que votar até o final do ano. Não tenho dúvidas que o presidente Lula vai chegar no começo de 2026 muito forte para fazer a disputa para sua reeleição”, disse.
Humberto destacou que a comunicação do governo e do PT melhoraram bastante nos últimos meses, o que faz com que a sociedade entenda melhor os avanços do governo Lula. “A comunicação do governo tem melhorado muito. O partido tem avançado também em sua comunicação, especialmente na questão das redes sociais. Na minha opinião, de todos os governos do PT, este é o melhor. Conseguiu não só reconstruir políticas que foram desmontadas, mas tem conseguido particularmente na questão econômica avanços significativos. E o que precisamos é que a população sinta isso. Eu acho que a gente vai conseguir. E se a gente conseguir, não tenho dúvidas da reeleição do presidente Lula no ano que vem”, destacou completou.
