Os índios da Aldeia Maravilha estão se organizando com a ação entre amigos “Vai Pra Cuba 3” para adquirir e instalar aparelhos de internet via satélite, além de custear a assinatura das mensalidades. A aldeia conta com infraestrutura extremamente limitada, sem acesso à rede de energia elétrica, tendo como única fonte uma microestação solar com três placas fotovoltaicas do programa Luz para Todos, do governo federal.

Uma aldeia típica

Quando dizemos que essa é uma aldeia típica, não nos referimos às tradições de seu povo — diversas em sua rica cultura —, mas à falta quase absoluta de infraestrutura. Essa não é uma questão cultural, um modo de vida determinado por tradições, mas sim uma condição de vida imposta pela pobreza.

Em todo o território nacional, essa é uma constante: povos condenados a viver com mazelas que poderiam ser facilmente superadas com infraestrutura adequada. Isso, quando não nos deparamos com fome e miséria absolutas — como ocorre, de forma escancarada, com os ianomâmis.

Esse caso ilustra bem a situação e levanta uma pergunta: como um povo com um território tão grande e rico ainda é flagelado pela fome? Vemos todos os tipos de respostas, desde a afirmação de que a destruição ambiental seria a causa, mas a realidade se impõe: esses povos, quando não têm suas terras roubadas, são impedidos de explorá-las, sendo condenados a permanecer na carência.

Pelo direito de escolha dos índios

Cada povo deve ter o direito de escolher como viver, de ter acesso ao desenvolvimento que lhe apeteça. Se deseja energia elétrica, máquinas para produção agrícola e beneficiamento ou mineração para uso próprio, que assim seja. Não cabe a setores externos decidir como aquele povo deve viver.

O Estado deveria garantir condições para esse desenvolvimento, respeitando os interesses e o nível de isolamento ou integração desejado por cada população. O problema é que a política do imperialismo e da burguesia que controla o Estado brasileiro é tomar essas áreas ou mantê-las como reserva de recursos para futura exploração.

Conexão aldeia: energia e tecnologia como fortalecimento da cultura e da luta por direitos

A comunicação é algo essencial tanto para a formação quanto para a organização desses povos. Aldeias mais isoladas, fora da rota de atividades comerciais, acabam sendo alvos fáceis para o latifúndio, grileiros e moradores, capitalistas interessados em explorar a riqueza local.

A comunicação é essencial para que esses povos se organizem, fortaleçam sua autodefesa, se mobilizem e denunciem a violência e o descaso a que estão expostos no campo — além de possibilitar o acesso à informação e à cultura que lhes convém.

Apenas com mobilização e luta

Certamente o mesmo Estado, que nas esferas municipais está, em geral, nas mãos da direita latifundiária, não irá se solidarizar com as necessidades dos índios. Pelo contrário. Por isso, é necessário que a condição de precariedade vivida por muitos índios seja denunciada e reivindicada como parte de um movimento organizado.

Assim, essa campanha, além de arrecadar o valor necessário para a infraestrutura de internet na Aldeia Maravilha, também traz à tona essa pauta, entendendo que o Estado precisa se responsabilizar pelo direito dos povos à informação e à comunicação.

Por internet na aldeia: como apoiar os craôs da Aldeia Maravilha

Os bilhetes da ação podem ser adquiridos pelo site do Vai Pra Cuba 3, com ativistas dos Comitês de Luta ou com militantes do PCO. Os comprovantes de pagamento devem ser enviados para o e-mail [email protected] ou para o WhatsApp +55 83 9 9377-9779. Para que os recursos desses bilhetes sejam corretamente alocados na aquisição dos equipamentos, é necessário informar também os números dos bilhetes e os dados do comprador, para eventual contato em caso de contemplação.

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Last Update: 09/05/2025