No último dia 27, teve início a ação da ONG “humanitária” Gaza Humanitarian Foundation (GHF), tendo chegado ao fim tão subitamente quanto começou. Sob fortes suspeitas de se tratar de uma iniciativa sionista, uma reportagem publicada dois dias depois no portal norte-americano The Grayzone pelos jornalistas Max Blumenthal e Wyatt Reed esclareceu que esse era o caso, de fato. Elemento da oposição (embora também sionista) ao governo Netaniahu no Knesset, o parlamentar Avigdor Liberman declarou no dia 27, no X, que:

“O dinheiro da ajuda humanitária vem do Mossad e do Ministério da Defesa. Centenas de milhões de dólares às custas dos cidadãos israelenses.”

Em matéria publicada originalmente no dia 24 de maio no The Washington Post, hoje disponível no arquivo da internet, consta que a origem da GHF se encontra numa colaboração entre o aparelho de inteligência norte-americano e o “governo” sionista:

“No ano passado, um grupo de ex-funcionários de inteligência e defesa dos EUA, além de executivos de empresas, trabalhando em estreita consultoria com Israel, elaborou uma proposta para fornecer ajuda humanitária a Gaza que abordaria as alegações do governo israelense de que os recursos estavam sendo desviados pelo Hamas.

Em documentos internos não divulgados anteriormente, o grupo detalhou um modelo radicalmente novo e ambicioso: previa a criação de uma organização chamada Gaza Humanitarian Foundation (GHF – Fundação Humanitária de Gaza), que contrataria empresas militares privadas para fornecer logística e segurança a alguns centros de distribuição de ajuda a serem construídos no sul de Gaza.

Nesse arranjo — que substituiria as redes de distribuição de ajuda coordenadas pela ONU —, civis palestinos teriam que se deslocar até os centros e se submeter a verificações de identidade para receber suprimentos de organizações não governamentais (ONGs). Segundo o plano, com o tempo, os palestinos viveriam em complexos vigiados, cada um abrigando dezenas de milhares de não combatentes.”

Em uma reportagem publicada no jornal Middle East Eye, é demonstrado o papel tido pela empresa de mercenários Safe Reach Solutions (SRS), fundada pelo antigo operador da CIA, Phillip Reilly, em tornar o “empreendimento” realidade ao ganhar a confiança do assassino de crianças Benjamin Netaniahu. Segundo os jornalistas do The Grayzone,

“Se confirmado, isso significaria que o aparato militar-inteligência de Israel está efetivamente lavando grandes somas de dinheiro através de um esquema de ajuda humanitária militarizada que forma a peça central de seu plano para limpeza étnica no norte de Gaza. Um documento interno vazado da GHF reconhecia que os centros de distribuição de alimentos e os complexos residenciais que estava construindo em Gaza poderiam ser percebidos como ‘campos de concentração com biometria’.”

A rejeição da população mundial ao sionismo, no entanto, coloca sobre a “ONG” fundada na Suíça uma enorme pressão. A GHF foi expulsa do país europeu no dia 29, e prosseguirá suas atividades colaborativas com o genocídio de dentro do principal responsável pelo ocorre com os palestinos, os Estados Unidos. Mesmo antes do início das operações, elementos centrais da GHF escreveram:

“Apenas um dia antes da implantação planejada da GHF em Gaza, o CEO da organização, Jake Wood, renunciou em protesto, condenando o fracasso do grupo em defender ‘os princípios humanitários de humanidade, neutralidade e imparcialidade’. Em seguida, o diretor de operações (COO) David Burke abandonou o barco. David Kohler, membro suíço do conselho, também renunciou sem explicação.

Após suas saídas, a liderança da organização obscura passou para John Acree, ex-administrador da USAID que recentemente acusou o presidente de dar ‘passe livre’ à Rússia em um post confuso no Facebook, atacando o ‘criminoso’ Trump por cortar verbas de seu antigo empregador.”

Não o fizeram por bondade, é claro, ou por não saber do que se tratava. O problema é que é preciso costas muito quentes para bancar uma coisa tão monstruosa, as costas de um membro íntegro do aparelho imperialista.

A matéria do The Grayzone também discute o papel vergonhoso de Jose Andres, fundador da World Central Kitchen (WCK), que teve seus funcionários assassinados pelos sionistas em Gaza. Andres não é herói, no entanto, mas mais um funcionário do imperialismo “humanitário” genocida, uma figura manufaturada para enganar os incautos, enquanto defende a ocupação nazi-sionista na Palestina:

“Andres deve grande parte de sua imagem como herói humanitário global a uma estratégia de relações públicas de 2022, embalada como documentário e modestamente intitulada ‘We Feed People’ [Nós Alimentamos Pessoas]. O filme foi dirigido pelo magnata de Hollywood Ron Howard e produzido por Mook, que na época atuava como CEO da World Central Kitchen (WCK).

Segundo sua biografia no McCain Institute (financiado pela indústria bélica), onde atualmente atua como ‘Conselheiro Especial para a Ucrânia’, Mook orgulha-se de trabalhar com Andres desde 2012, ‘transformando a WCK de um único funcionário e menos de US$ 1 milhão por ano para US$ 400 milhões de impacto global em 2022’.

Apesar de sua condenação à GHF, Andres teve um papel inicial e importante no projeto de desviar o sistema de ajuda humanitária de Gaza da ONU, alinhando-o aos objetivos israelenses. Como reportou The Grayzone, Andres supervisionou em 2024 o esforço da WCK para construir um píer com escombros de casas em Gaza, que permitiria o desembarque de ajuda para cozinhas administradas pela organização em todo o território, em coordenação com o exército israelense.”

É líquido e certo que é necessária a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, no entanto, é preciso desconfiar profundamente, especialmente quando a ajuda vem diretamente dos carniceiros.

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Last Update: 04/06/2025