A Academia do Oscar divulgou na quinta-feira (23) as 10 produções que concorrerão ao cobiçado prêmio de melhor filme, em 2 de março. A lista trouxe a inédita indicação de um brasileiro na categoria: Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Foi a produção mais barata dentre as que concorrem à principal estatueta – custou cerca de US$ 1,5 milhão.
Na edição deste ano, a produção mais cara foi Duna: Parte 2, com pouco mais de US$ 190 milhões investidos pela produtora e distribuidora Warner Bros. É mais de 120 vezes o custo do filme brasileiro.
Leia abaixo a lista completa dos orçamentos de cada filme indicado:
- Duna: Parte 2 (Dennis Villeneuve, Warner) – US$ 190 milhões
- Wicked (Jon M. Chu, Universal) – US$ 150 milhões
- Um Completo Desconhecido (James Mangold, Searchlight) – US$ 70 milhões
- Emilia Perez (Jacques Audiard, Netflix) – US$ 25 milhões
- Nickel Boys (RaMell Ross, Orion/Amazon) – US$ 23,2 milhões
- Conclave (Edward Berger, Focus) – US$ 20 milhões
- A Substância (Coralie Fargeat, MUBI) – US$ 17,5 milhões
- O Brutalista (Brady Corbet, A24) – US$ 10 milhões
- Anora (Sean Baker, Neon) – US$ 6 milhões
- Ainda Estou Aqui (Walter Salles, Sony Pictures) – US$ 1,5 milhão
A superioridade de bilheteria dos blockbusters
O alto gasto com Duna: Parte 2, porém, foi compensado nas bilheterias. A obra superou a arrecadação de seu antecessor, que registrou cerca de US$ 434 milhões nos cinemas ao redor do mundo. A sequência da ficção científica do diretor canadense Denis Villeneuve já arrecadou aproximadamente US$ 700 milhões até quinta-feira (23).
Desde a estreia, em novembro do ano passado, o filme “Ainda estou Aqui” já tem bilheteria acumulada de US$ 12,3 mi (R$ 72,6 milhões) e público de 3,33 milhões de pessoas. Entre 9 e 12 de janeiro, a produção brasileira teve a quinta maior bilheteria da semana, alcançando R$ 4,30 milhões, um impressionante crescimento de 238,6% na comparação com a semana anterior. No mesmo período, o público foi de 173,1 mil pessoas, com alta de 276,7%. Estes números devem crescer exponencialmente após a indicação, conforme o filme comece a ganhar as salas dos EUA e do resto do mundo, a partir de agora.
Dinheiro nem sempre garante sucesso
Quantias extravagantes de dinheiro, no entanto, não são uma garantia de sucesso em premiações, como visto nas últimas edições do Oscar. Nos últimos 20 anos, só 6 filmes vencedores do prêmio tiveram um orçamento superior a US$ 20 milhões. O mais caro foi justamente o último vencedor: Oppenheimer, de Christopher Nolan, com cerca de US$ 100 milhões investidos.
O destaque brasileiro
A Academia Brasileira de Cinema indica todo ano um filme para concorrer a uma vaga no Oscar. Em 2025, o escolhido foi Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles. O filme é baseado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua mãe, Eunice Paiva, após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva em 1971, durante a ditadura.
O longa, coproduzido com a França e do mesmo diretor de Central do Brasil, ganhou atenção do público ao vencer o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Veneza. Ainda Estou Aqui recebeu diversas indicações a outras premiações, como ao Bafta, Critics Choice Awards, e apareceu na lista de pré-indicados ao Oscar.
Entretanto, a produção ganhou repercussão nacional quando a atriz Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em filme de drama.
A análise dos orçamentos dos indicados ao Oscar 2025 reflete tanto a diversidade quanto as desigualdades da indústria cinematográfica. Enquanto produções como Duna: Parte 2 lideram em termos de investimento, filmes como Ainda Estou Aqui destacam-se por sua capacidade de transformar limitações financeiras em força criativa. Em um contexto global, a presença de um filme brasileiro entre os indicados reafirma a relevância do cinema nacional e sua habilidade de emocionar audiências ao redor do mundo.
A 97ª edição do Oscar vai acontecer no dia 2 de março em Los Angeles (EUA), domingo de Carnaval, a partir de 21h ( horário de Brasília).