“Ainda estamos aqui”, disse o presidente Lula, no discurso de defesa da democracia em memória do 8 de janeiro de 2023. A clara referência ao filme de Walter Salles, “Ainda estou aqui”, que deu o prêmio de melhor atriz no Globo de Ouro a Fernanda Torres neste domingo (06), foi uma lembrança dos tempos sombrios da ditadura e das tentativas recentes de paralisação democrática.
“Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023”, foi a fala de Lula nesta quarta, dois anos após a tentativa de golpe por apoiadores de Jair Bolsonaro.
Ela foi inspirada na premiação a atriz Fernanda Torres, que interpretou Eunice Paiva no filme, esposa de Rubens Paiva, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
Um dia antes do ato de memória contra a tentativa de golpe recente, Lula ainda fez uma emocionada ligação à atriz, para a parabenizar pelo prêmio. Na conversa entre ambos, eles recordaram os tempos difíceis que vivemos e a própria atriz ressaltou ao presidente:
“Tão bonito vir esse prêmio agora, em uma hora dessas. Uma coisa tão linda para a cultura, para a arte, que foi tão atacada, Lula”. “E [o prêmio vir] durante a tua Presidência, isso é uma coisa muito linda”, celebrou Torres.
O presidente lembrou que o prêmio ainda veio às vésperas do ato de memória do 8 de janeiro. “Exatamente, em nome da Eunice Paiva, uma mulher defensora dos direitos humanos, Lula. É muito simbólico”, comemorou a atriz.
As homenagens à Eunice e Rubens Paiva, em meio ao ato da democracia deste 8 de janeiro, continuaram, não apenas na ligação com a atriz e no discurso oficial do presidente, mas por meio de um decreto assinado por Lula na data de hoje.
Não estava na programação, mas o prêmio à atriz, a repercussão nacional e internacional que o filme tomou, trazendo luz aos crimes da ditadura, fizeram com que o presidente decidisse criar o Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia.
O Prêmio, que leva o nome da mulher de Rubens Paiva, morto e torturado pela ditadura, homenageará todos os anos pessoas que tenham colaborado de forma notória para a preservação, restauração ou consolidação do regime democrático no Brasil.
O documento foi assinado por Lula ao lado do presidente da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias. O órgão, por meio de um Observatório da Democracia, será responsável pela escolha dos homenageados anualmente.