Um vídeo manipulado com cenas criadas com inteligência artificial, divulgado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro na última sexta-feira (2), foi alvo de notificação da Advocacia Geral da União (AGU) enviada ao Instagram, X e Facebook, para que as plataformas removam a montagem grosseira. Nela, o assessor chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, aparece ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em uma cena falsa de confraternização.
Ambos aparecem no vídeo num longo abraço, uma fake news bizarra que dá a entender que o encontro teria ocorrido no contexto das discussões sobre as eleições venezuelanas que aconteceram no último dia 28 de julho. Na legenda do vídeo, Eduardo faz comentário debochado sobre o caráter das eleições no país vizinho. Celso Amorim esteve na Venezuela acompanhando o pleito.
O pedido de remoção da AGU fundamentou-se na gravidade da conduta, já que tem o efeito de confundir a população sobre a posição do Brasil a respeito das eleições na Venezuela. Caso o pedido não seja acatado, a AGU requereu que os vídeos sejam marcados com a informação de que foram gerados por inteligência artificial.
No mesmo dia em que o vídeo circulou, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, denunciou a fraude e o uso da inteligência artificial para fins escusos e pediu apuração pela Congresso, já que Eduardo Bolsonaro é deputado federal.
“Eduardo, filho do inelegível, divulgou fraude com imagens manipuladas do embaixador Celso Amorim. Esse é o uso que a extrema-direita faz da tecnologia: inteligência artificial a serviço da mentira. Caso gravíssimo, que merece ser examinado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados”, escreveu Gleisi.
Eduardo, filho do inelegível, divulgou fraude com imagens manipuladas do embaixador Celso Amorim. Esse é o uso que a extrema-direita faz da tecnologia: inteligência artificial a serviço da mentira. Caso gravíssimo, que merece ser examinado pelo Conselho de Ética da Câmara dos…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) August 2, 2024
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A ação repugnante de Eduardo segue a linha de atuação de outro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Carlos, que chefiava o gabinete do ódio absurdamente instalado dentro do Palácio do Planalto, responsável pela disseminação de um amontoado de mentiras fabricadas nos subterrâneos da internet, sempre em tom agressivo contra adversários.
A máquina de fakenews do bunker bolsonarista existe há muitos anos. Em 2022, o auxiliar do ministro do STF, Alexandre de Moraes, juiz Aírton da Veiga produziu documento que apontava para a existência de uma verdadeira ‘organização criminosa’ de forte atuação digital e com núcleos de ‘produção’, de ‘publicação’ de ‘financiamento’ e ‘político’ (…) com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.
“Totalmente manipulado e falso”, diz Secom
Em nota publicada dia 2 de agosto, o governo federal afirmou tratar-se de uma montagem criada com o uso de inteligência artificial e que Celso Amorim negou que o abraço tenha acontecido. O comunicado da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) destacou ainda que a gravação é uma clara tentativa de desinformação. “Amorim apontou o vídeo como “totalmente manipulado e falso”, e que nunca houve tal abraço.
A nota diz ainda que “a peça em questão mistura cortes de um encontro ocorrido no ano passado entre Amorim e Maduro como se fosse de agora juntamente com imagens geradas por inteligência artificial, criando uma narrativa completamente falsa e distorcida”.
“O próprio “X” (anteriormente conhecido como Twitter) sinalizou que o conteúdo foi gerado por Inteligência Artificial”, completou a Secom.
“A desinformação representada por esse vídeo destaca a necessidade de cautela e verificação de informações antes de compartilhá-las. O Governo Federal reforça a importância de combater a disseminação de notícias falsas”, finalizou a nota.
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Da Redação