A indústria de fake news alimentada pela extrema direita começou 2025 com uma série ataques ao governo federal, em especial ao trabalho realizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Como forma de combater conteúdos mentirosos, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou, na quinta-feira (9), uma notificação extrajudicial para que o Facebook, controlado pela Meta, exclua em 24 horas um vídeo modificado por inteligência artificial (IA) com afirmações falsamente criadas para dar a impressão de que Haddad teria feito as colocações.
Na notificação (veja completa aqui), a AGU destaca que: “A postagem, manipulada por meio de inteligência artificial, contém informações fraudulentas e atribui ao Ministro declarações inexistentes sobre a criação de um imposto incidente sobre animais de estimação, pré-natal e sobre prêmios de apostas esportivas. A análise do material evidencia a falsidade das informações por meio de cortes bruscos, alterações perceptíveis na movimentação labial e discrepâncias no timbre de voz, típicas de conteúdos forjados com o uso de inteligência artificial generativa”.
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De acordo com os advogados da União que assinam o documento, o vídeo divulgado nas redes traz desinformação por meio de manipulação para confundir os cidadãos acerca de assuntos de interesse da sociedade.
Além disso, lembram que a fake news alvo da notificação é “ato antijurídico, uma vez que viola o direito à informação (art. 5º, inciso XIV e art. 220, da CRFB), e extrapola os limites da liberdade de expressão, caracterizando-se como evidente abuso de direito (art. 187 do Código Civil).”
Meta
Neste início de ano o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, já desagradou autoridades de diversos países ao anunciar o fim da política de checagem de fatos e a instauração de notificações da comunidade para Facebook, Instagram e Threads.
O movimento vai contra o processo global por maior regulação e transparência das Big Techs em claro alinhamento ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
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No Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo já notificou a Meta sobre o encerramento do programa de verificação de fatos e suas consequências para o Brasil.
O presidente Lula chegou a afirmar em ato público que decisão da Meta é “extremamente grave” e fez um alerta para riscos à soberania.
Entidades brasileiras, organizadas pela Coalizão Direitos na Rede, divulgaram manifesto em que pedem para Mark Zuckerberg rever o posicionamento.
Já o ministro do STF, Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das Fake News na corte, afirmou que não permitirá que as redes continuem sendo usadas para ampliar discursos de ódio, preconceituosos e antidemocráticos.
O STF, depois de decisão de Moraes, chegou a suspender o X (antigo Twitter) no Brasil por descumprimento ordens judiciais. A rede de Elon Musk ficou fora do ar no país por 38 dias.
Haddad
A nova fake news se utiliza de uma entrevista de Haddad para manipular o conteúdo por inteligência artificial e atribuir ao ministro afirmações falsas.
As mentiras veiculadas neste início de ano tratam sobre PIX, dólar e outros assuntos, sempre indicando a criação e novos impostos de forma criminosa para atacar o governo.
A situação fez com que o próprio ministro da Fazenda gravasse um vídeo (assista abaixo) para alertar as pessoas sobre estas fake news: “Deixa a mentira de lado e vamos seguir com o Brasil para frente”, disse Haddad.