A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne 340 deputados federais e senadores, enviou nota à Folha de S.Paulo pela qual pede investigação “urgente e rigorosa” sobre o suposto patrocínio financeiro do agronegócio na tentativa de golpe de Estado e o plano para matar autoridades.
A reação veio após a prisão preventiva no sábado (14) do general quatro estrelas Braga Netto, que teria ajudado a financiar, em 2022, o plano dos assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, consta que Braga Netto entregou R$ 100 mil numa sacola de vinho ao então major Rafael de Oliveira, membro dos “kids pretos”, para financiar o plano “Copa 2022”. De acordo com Cid, o dinheiro foi obtido “junto ao pessoal do agronegócio”.
Na nota, a bancada ruralista afirmou que “ações isoladas” não podem “comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores”. Além disso, os ruralistas solicitam que a apuração seja “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição”.
Para identificar quem foi o “pessoal do agro” envolvido na trama golpista, a Polícia Federal (PF) rastreia transações em espécie em Goiânia e Brasília.
De acordo com reportagem de O Globo, a PF tem conhecimento que o major Oliveira comprou um celular em uma loja de Goiânia. A nota fiscal aponta que o aparelho foi adquirido por R$ 2,5 mil. O pagamento foi em dinheiro vivo entregue pela esposa do major.
Ainda foram feitas cinco recargas de crédito para os telefones que faziam parte do grupo “Copa 2022”, vinculados à operação “Punhal verde e amarelo”. Todos eles, no valor de R$ 20, foram feitos de forma sequencial em uma drogaria do Setor Sudoeste, em Brasília, e também em espécie.
“Nesse sentido, essa foi exatamente a estrutura de comunicação utilizada na denominada operação ‘Copa 2022’, em que militares Forças Especiais executaram uma ação clandestina no dia 15 de dezembro de 2022, para prender/executar o ministro Alexandre de Moraes na cidade de Brasília/DF. A ação empregou seis telefones celulares com chips da operadora TIM, habilitados em nomes de terceiros e associados a codinomes de países para anonimização da ação criminosa”, diz um trecho do relatório da PF.