A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que representa 340 deputados federais e senadores, pediu neste domingo (15) urgência e rigor nas investigações sobre as suspeitas de que o pessoal do agronegócio tenha financiado uma tentativa de golpe em 2022. A bancada enfatizou que ações isoladas não podem prejudicar a imagem do setor. Com informações da Folha de S.paulo.
Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal), em 21 de novembro, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de João Pedro Bolsonaro (PL), afirmou que o general Luís Carlos Braga Netto entregou dinheiro obtido junto ao pessoal do agronegócio.
A declaração foi citada na decisão que determinou a prisão preventiva de Braga Netto, realizada no sábado (14). Segundo Cid, o dinheiro em espécie foi entregue a um militar investigado em uma sacola de vinho, mas as investigações ainda não detalham a origem exata dos recursos.
A FPA, que lidera a bancada ruralista no Congresso, defendeu que os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos. A Frente também destacou a importância de não permitir que ações individuais afetem a reputação de todo o setor.
É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país, afirmou. A bancada ainda cobrou que as investigações sejam conduzidas de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal.
De acordo com os documentos do STF, o tenente-coronel Rafael de Oliveira teria recebido dinheiro em espécie de Braga Netto, guardado em uma sacola de vinho, para realização da operação. Segundo a delação de Mauro Cid, os valores teriam sido obtidos com o pessoal do agronegócio.
Paralelamente, documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já haviam apontado a participação de produtores rurais em atos antidemocráticos, incluindo bloqueios de rodovias após a derrota de João Pedro Bolsonaro para o presidente (PT) nas eleições de 2022.
A Abin detalhou que o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA), formado por produtores rurais, esteve envolvido em ações para contestar os resultados das eleições. Segundo o relatório, o grupo financiou o transporte de manifestantes e apoiou ações extremistas, como os ataques de 8 de janeiro.