Agressão a Glauber e Dosimetria: Centrão destrói a democracia no Brasil, diz Christian Lynch

Glauber Braga é retirado à força após ocupar cadeira da presidência da Câmara. Foto: Reprodução

O cientista político, jurista e historiador Christian Lynch, editor da Revista Inteligência e colunista do Canal Meio, afirmou em publicação no X que o presidencialismo de coalizão no Brasil entrou em colapso a partir de 2015. Desde então, segundo o escritor, o Centrão se apropriou do Orçamento enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou-se um poder sem controle externo.

Esse cenário chegou ao ápice na última terça-feira (9), quando o presidente da Câmara, Hugo Motta, agendou a votação para cassar o mandato de Glauber Braga, que terminou em agressões contra o parlamentar, no mesmo dia em que a Casa aprovou o PL da Dosimetria. Ainda de acordo com Lynch, a disputa por protagonismo entre Congresso e STF acaba reduzindo o espaço do Executivo e gera tensões no funcionamento das instituições, o que pode criar vulnerabilidades que favoreçam o surgimento de novas ameaças autoritárias por outras vias:

A República está sem modelo de governabilidade desde 2015. O presidencialismo de coalizão ruiu quando o Centrão, buscando blindagem contra a Lava Jato, instaurou um parlamentarismo bastardo apropriando-se do Orçamento durante o governo Bolsonaro. Paralelamente, o STF, embora tenha defendido a democracia, consolidou-se como um Olimpo imune a controles.

Hoje, o Centrão quer proteção contra o STF, e o STF quer proteção contra a extrema-direita nas eleições, irritado com o flerte eleitoral do Centrão com ela. O Centrão deseja explorar esse eleitorado, mas não se subordinar a ele: prefere oligarquia a autocracia.

Nunca houve um regime de governabilidade que incluísse o STF, antes limitado a chancelar Executivo e Congresso. Vivemos uma situação de caos devido a essa luta corporativa e degradante por supremacia. A saída em gestação é um acordo oligárquico entre STF e Centrão para blindarem-se mutuamente.

O problema é que:

1) o Executivo não aceita o rebaixamento imposto pelo Centrão;

2) essa blindagem reduz ainda mais a já frágil democracia, alimenta impulsos antissistema e pode abrir caminho a um novo Bolsonaro ou a um Pablo Marçal.

Afasta-se o fantasma do golpismo pela porta da frente, mas ele pode voltar pela porta dos fundos, porque nem STF nem Centrão aceitam limites de autocontenção ou fiscalização. O resultado pode ser desastroso. De novo!

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