Um levantamento realizado pelo Globo em tribunais de Justiça revela que, desde 2019, 111 policiais de cinco estados e do Distrito Federal tornaram-se réus ou foram condenados por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Isso equivale a um policial acusado de ligação com a facção criminosa a cada 15 dias nos últimos cinco anos. A maioria dos casos está relacionada à corrupção, com 80% dos agentes processados por receber propina.
Os episódios incluem desde coleta de drogas em rodovias e auxílio em furtos de caixas eletrônicos até levantamento de informações sobre inimigos e pistolagem a serviço do crime organizado.
Dados indicam que a Polícia Militar lidera o número de agentes investigados, com 72 casos, seguida pela Polícia Civil (32) e pela Polícia Penal (7). Embora menos frequentes, os casos envolvendo a Polícia Civil tendem a envolver cifras mais elevadas.
Entre os exemplos, destacam-se o agente Valdenir Paulo de Almeida e o investigador Valmir Pinheiro, acusados de receber R$ 800 mil em novembro de 2020 de traficantes responsáveis pelo envio de toneladas de cocaína à Europa. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o pagamento resultou no arquivamento de um inquérito conduzido pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
São Paulo concentra 83% dos casos do levantamento, destacando o elo da facção criminosa com agentes locais. No entanto, a influência do PCC também se estende a outras regiões do país.