Desde sua posse na última segunda-feira (20), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem implementado uma agenda extremista que agora alcança as artes e a arquitetura. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Em um memorando enviado à administração federal, o republicano passou a exigir que reformas de prédios públicos, novos projetos de arquitetura e artes sigam uma estética definida de “beleza”. Além disso, um decreto assinado por Trump determinou o fim de programas criados para a “promoção de cultura, museus e bibliotecas” como ferramentas de fortalecimento da democracia.
“Projetos devem respeitar o patrimônio arquitetônico regional, tradicional e clássico para uma renovação (de prédios da administração) e dar beleza aos espaços públicos, enobrecer os EUA e seu sistema de governo”, afirmou o documento assinado por Trump. O texto também prevê uma “revisão apropriada” dos princípios de arquitetura e design aplicados nas agências federais.
Trump já havia imposto sua “visão estética” anteriormente. Em 2020, determinou que a administração pública adquirisse apenas obras de arte “clássicas” para decorar prédios federais. Ele estabeleceu que qualquer obra comemorativa de “um americano significativamente histórico” deveria ser uma “representação realista da pessoa, e não uma representação abstrata ou modernista”.
A decisão foi revogada por Joe Biden ao assumir o cargo, permitindo que obras de arte de todos os estilos fossem novamente adquiridas, com o objetivo de representar a diversidade cultural do país.
Desde 1972, uma lei americana exige que 5% do orçamento de manutenção e construção de prédios federais sejam destinados à compra de obras de arte ou encomendas específicas a artistas. Esse programa resultou em pelo menos 500 obras comissionadas pelo estado, promovendo artistas contemporâneos americanos. No entanto, com as mudanças impostas por Trump, apenas estilos específicos passaram a ser aceitos para o programa.
Desmonte de bibliotecas e museus
Outro grande impacto foi o desmonte de um programa criado em 2021 para “Promover as Artes, Humanidades, Museus e Serviços de Bibliotecas”. A iniciativa buscava “elevar a importância” desses setores como essenciais para a democracia e a vida pública.
O programa garantiu investimentos federais destinados à infraestrutura cultural, com foco em áreas historicamente negligenciadas ou carentes. Para o setor cultural, a lei era crucial no apoio à economia criativa, artistas, estudantes e instituições nessas regiões.
“As artes, as humanidades, os museus e os serviços bibliotecários são essenciais para o bem-estar, saúde, vitalidade e democracia de nossa nação”, dizia a introdução da lei. “Eles são a alma dos EUA, refletindo nossa experiência democrática e multicultural.”