A agenda política do segundo mandato de Donald Trump não apenas tem causado danos expressivos à economia dos Estados Unidos no curto prazo, como coloca em risco a posição e competitividade global do país em um prazo mais longo.
“A autodestruição dos últimos seis meses foi sem precedentes – e está prestes a piorar”, segundo os economistas Laura Tyson e Lenny Mendonca.
Em artigo publicado no Project Syndicate, os articulistas lembram que Trump recebeu um governo federal com dados robustos para o PIB e o mercado de trabalho, e com a inflação em queda.
“Em sua previsão para o final de 2024, o Federal Reserve dos EUA antecipou um crescimento contínuo de 2,1% e uma inflação em declínio para 2,5% em 2025. Três meses depois, essas projeções caíram para 1,7% de crescimento e 2,7% de inflação”, dizem os articulistas.
Embora os pronunciamentos de Trump e ordens executivas “legalmente duvidosas” sejam difíceis de serem ignoradas, os autores dizem que “um desenvolvimento menos visível, mas ainda mais consequente, é o dano causado à confiança global nos EUA – como demonstrado pela queda de 10% do dólar em relação ao euro e ao franco suíço”.
E os prognósticos tendem a piorar caso a Lei One Big Beautiful Bill (OBBBA) de Trump e seus colegas republicanos seja aprovada no Congresso – como parece provável –, a começar pelo aumento da dívida do governo federal aumentará em pelo menos US$ 3 trilhões até 2034.
“Esta legislação horrenda transferirá a renda dos mais pobres para os mais ricos, deixará até 17 milhões de pessoas sem plano de saúde, além de 3,2 milhões de adultos e um milhão de crianças sem assistência alimentar, e adicionará trilhões à dívida federal”, reiteram os articulistas.
Desta forma, ao minar o crescimento potencial por meio das restrições à imigração, o governo Trump garantiu que a já elevada relação dívida/PIB, incorporada no OBBBA, subisse ainda mais rapidamente, atingindo níveis insustentáveis. “Uma economia boa que Trump transformou em ruim está prestes a piorar muito”.
