A direção da Caixa Econômica Federal implantou recentemente as chamadas agências Singular. Segundo a própria empresa, são “espaços de atendimento personalizados para clientes de alta renda, oferecendo serviços exclusivos em ambientes reservados”. Essas agências não atendem o público geral, não têm caixas nem gerentes de varejo.

A iniciativa faz parte da política de reestruturação da Caixa e marca mais uma etapa do processo de desmonte do banco público. A mudança ocorre após a deposição de Rita Serrano, única representante dos trabalhadores na presidência da instituição. Em seu lugar, assumiu Carlos Antônio Vieira, indicado pelo deputado Arthur Lira (PP), articulador da base golpista do Congresso e aliado do capital financeiro.

Vieira tem ligações históricas com o mercado e representa os interesses privatistas dos grandes banqueiros. Sua nomeação atendeu às exigências da Faria Lima e da oposição neoliberal ao governo. Desde que assumiu, ele vem conduzindo o banco para o mesmo caminho do Banco do Brasil, que, ainda sob Michel Temer, iniciou uma parceria com o setor privado e abriu agência com quadro totalmente terceirizado em São Paulo.

A ofensiva atual visa transformar o banco em uma estrutura cada vez mais subordinada à lógica do lucro. Ao separar o atendimento aos setores mais abastados da população da imensa maioria pobre, a direção pavimenta o caminho para a privatização, preparando o setor mais rentável para ser entregue à iniciativa privada. O restante, voltado às políticas sociais, será estrangulado por cortes e abandono.

A Caixa é o maior banco público da América Latina e principal operador de programas sociais como Bolsa Família, FGTS, PIS, seguro-desemprego, habitação popular e auxílio moradia. Também oferece crédito a juros reduzidos para estados e municípios, principalmente para obras de saneamento básico.

Atualmente, a instituição possui mais de 4.200 pontos de atendimento presenciais, 10 agências-caminhão, 2 embarcações, 55 mil terminais de autoatendimento e presença em 99% dos municípios brasileiros. Seus ativos somam R$2,03 trilhões — patrimônio que desperta o apetite do sistema financeiro.

Diante do avanço dessa política de rapina, cabe aos trabalhadores resistirem. Somente a mobilização organizada pode barrar o desmonte do banco. Foi a luta dos bancários que manteve a Caixa como patrimônio público até aqui — e será essa mesma luta que impedirá sua entrega ao capital privado.

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Last Update: 22/05/2025