Brasil, China e Índia lideram o ranking global de potencial sustentável para a produção de biogás e biometano, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira, 28, pela Agência Internacional de Energia (AIE). A publicação, intitulada Perspectivas para Biogás e Biometano, destaca que 80% da capacidade global está concentrada em economias emergentes e em desenvolvimento.

De acordo com a AIE, o Brasil, a China e a Índia apresentam as maiores capacidades de produção de biogás, enquanto os Estados Unidos lideram entre as economias avançadas. “80% do potencial sustentável de produção de biogases está nas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento, lideradas por Brasil, China e Índia.

O potencial na Índia é maior do que seu consumo de gás natural. Os Estados Unidos têm o maior potencial entre as economias avançadas. A União Europeia utiliza a maior parcela – cerca de 40% – de seu potencial sustentável, em comparação com menos de 5% na Índia”, afirma o documento.

O relatório também apresenta a produção de biogás e biometano como um instrumento estratégico para enfrentar os desafios da segurança energética e da sustentabilidade ambiental. A AIE afirma que os dois combustíveis podem contribuir para a diversificação das matrizes energéticas e para a redução da dependência de combustíveis fósseis.

O biogás é gerado por meio da decomposição de resíduos orgânicos, como lixo urbano, dejetos animais, resíduos agrícolas e esgoto. A composição do biogás inclui metano, dióxido de carbono e pequenas quantidades de outros gases.

O metano, principal componente energético, representa entre 45% e 75% do volume total. Para a conversão em biometano, o biogás passa por um processo de purificação que remove dióxido de carbono, água e impurezas, resultando em um gás com características semelhantes às do gás natural convencional.

A AIE destaca que, embora a Índia tenha o maior potencial técnico entre os países avaliados, sua taxa de aproveitamento do biogás ainda é inferior a 5%. Na comparação, a União Europeia já utiliza cerca de 40% de seu potencial sustentável para essa fonte de energia, o que representa um nível de aproveitamento significativamente mais alto.

O relatório sugere que o desenvolvimento de políticas públicas específicas e o investimento em infraestrutura podem ser fatores determinantes para ampliar a produção em países com elevado potencial ainda não explorado.

Segundo a agência, o aproveitamento dos biogases pode oferecer múltiplos benefícios simultâneos: geração de energia renovável, redução de emissões de gases de efeito estufa e tratamento adequado de resíduos orgânicos. A produção pode ser feita em pequena, média ou grande escala, o que possibilita sua aplicação em diferentes contextos, desde áreas rurais até zonas industriais e urbanas.

No Brasil, diversas iniciativas têm sido implementadas para ampliar o uso do biometano como fonte energética alternativa. A legislação nacional reconhece o biometano como combustível renovável e prevê incentivos para sua inserção na matriz energética.

Estados como São Paulo, Paraná, Pernambuco e Rio de Janeiro concentram boa parte dos investimentos em plantas de biometano com base em resíduos sólidos urbanos, efluentes industriais e dejetos da agropecuária.

A AIE avalia que o avanço da produção de biogás e biometano também pode contribuir para a segurança energética, ao reduzir a dependência de importações de gás natural. Países com alto volume de resíduos orgânicos disponíveis podem desenvolver uma cadeia produtiva com base local, promovendo geração de emprego, renda e arrecadação tributária.

O relatório aponta ainda que o biometano pode ser injetado diretamente nas redes de gás natural ou utilizado como combustível veicular, ampliando sua versatilidade.

Entre os principais desafios identificados pela AIE estão a necessidade de marcos regulatórios adequados, a viabilização econômica de projetos e a superação de barreiras técnicas e logísticas. O relatório defende a ampliação dos programas de apoio financeiro, capacitação técnica e articulação entre governos, empresas e instituições de pesquisa para acelerar o crescimento do setor.

A agência estima que o biogás e o biometano poderão suprir cerca de 20% da demanda global de gás natural até 2040, desde que políticas adequadas sejam implementadas e os investimentos sejam intensificados.

O relatório também projeta uma expansão significativa das capacidades instaladas em países da América Latina, África e Ásia nos próximos anos, caso as condições de mercado e regulamentação se tornem mais favoráveis.

A AIE reforça que a ampliação do uso de biogás está diretamente associada à transição energética e ao cumprimento das metas climáticas estabelecidas em acordos internacionais, como o Acordo de Paris. A substituição progressiva de combustíveis fósseis por fontes renováveis como o biometano é considerada uma das estratégias centrais para alcançar a neutralidade de carbono nas próximas décadas.

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Last Update: 28/05/2025