Ao menos três agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram monitorados de forma não oficial dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão usado para verificar a ficha dos servidores públicos que apenas cumpriam suas funções, constatou a Política Federal.
Durante a segunda fase da Operação Última Milha, que apura as irregularidades cometidas na Abin paralela, a PF constatou que o pedido partiu do gabinete ex-ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite. Um delegado e assessor solicitou os dados pessoais de três servidores do Ibama em, pelo menos, três ocasiões.
Hugo Loss foi um dos agentes monitorados. Ele foi verificado pelo sistema First Mile em maio de 2020, um mês após ser removido do cargo de coordenador de fiscalização do Ibama. Loss foi responsável por uma operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Apyterewa, que resultou na queima de equipamentos de garimpeiros.
Apesar de correta, a ação causou desconforto no Planalto e levou Bolsonaro a cobrar explicações de Sergio Moro, então ministro da Justiça.
A operação indica ainda que Roberto Cabral e Hugo Leonardo Mota Ferreira também tiveram de enfrentar represálias. O primeiro por apontar irregularidades na norma que facilitava a caça a javalis, fato usado pelos bolsonaristas para massificar o acesso a armas de fogo em todo o país.
Já Ferreira atuou na operação Akuanduba, cujo alvo era investigar a exportação ilegal de madeira e contribuiu para a queda de Ricardo Salles do ministério do Meio Ambiente.
Críticas ao governo
Os pedidos de verificação de ficha partiram do delegado Rodrigo Augusto de Carvalho Costa ao sargento Giancarlo Rodrigues, ligado à Abin paralela. Costa negou qualquer envolvimento com espionagem irregular, justificando que o interesse nos dados dos servidores estariam apenas relacionados à checagem de antecedentes dos servidores “de forma pública”.
Isso porque o governo estava investigando ataques institucionais feitos supostamente pelos servidores a partir de um perfil anônimo no Twitter chamado “Fiscal do Ibama”. Nele, os autores criticavam a política ambiental de Jair Bolsonaro.
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