China amplia parceria com a África e elimina tarifas para todos os países do continente – um contraste com o protecionismo ocidental
Enquanto o mundo assiste a uma onda crescente de barreiras comerciais e medidas protecionistas, a China dá um passo histórico: vai eliminar todas as tarifas sobre importações dos 53 países africanos com os quais mantém relações diplomáticas. O anúncio, feito durante uma reunião de cooperação sino-africana, não só reforça os laços econômicos entre os dois lados, mas também marca um claro contraste com a política agressiva dos Estados Unidos, que insiste em impor tarifas abusivas sobre produtos africanos.
Mas essa decisão vai além de números e porcentagens. É um gesto político forte, que mostra um modelo de comércio baseado no respeito mútuo, na igualdade e na solidariedade – valores que muitas potências ocidentais parecem ter esquecido. Enquanto os EUA e a Europa pressionam a África com condições e exigências, a China se consolida como um parceiro que oferece oportunidades reais, sem submeter o continente a jogos geopolíticos.
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Há 15 anos no topo: China é o maior parceiro comercial da África
Não é de hoje que a China lidera as relações comerciais com a África. Há mais de 15 anos, o país asiático ocupa o posto de principal parceiro econômico do continente. Em 2023, as exportações africanas para a China bateram a marca de US$ 170 bilhões – um número que fala por si só.
Mas o que realmente diferencia Pequim das antigas potências coloniais? Enquanto Europa e EUA tradicionalmente extraíram riquezas da África sem deixar muito em troca, a China tem investido pesado em infraestrutura, tecnologia e parcerias industriais. Estradas, ferrovias, portos e redes de energia estão sendo construídos, criando bases concretas para um desenvolvimento sustentável.
Tarifa zero para (quase) todos: uma exceção política
A nova medida amplia um acordo anterior, que já beneficiava 33 dos países africanos mais pobres. Agora, todas as nações africanas com relações diplomáticas com a China – incluindo gigantes como Nigéria e África do Sul – terão acesso ao mercado chinês sem tarifas.
Só há uma exceção: Essuatíni (antiga Suazilândia), que mantém laços com Taiwan. Para Pequim, essa é uma questão inegociável, já que a China não reconhece a independência taiwanesa e defende firmemente a política de “Uma só China”.
EUA vs. China: duas visões de mundo em choque
Enquanto a China abre suas portas, os EUA seguem na direção oposta. Durante o governo Trump, Washington impôs tarifas absurdas sobre produtos africanos – 50% para o Lesoto, 30% para a África do Sul e 14% para a Nigéria. Embora algumas tenham sido suspensas, a ameaça de retomada paira no ar, dependendo da submissão africana às exigências estadunidenses.
O African Growth and Opportunity Act (AGOA), programa que deveria facilitar o acesso de produtos africanos ao mercado dos EUA, tem se mostrado, na prática, uma ferramenta de pressão política. Os americanos usam o acordo para forçar alinhamentos ideológicos e estratégicos – algo que a China não faz.
Pequim, ao contrário, não impõe condições políticas. Seu comércio com a África é baseado em interesses mútuos, não em chantagem. Não à toa, cada vez mais países africanos têm preferido a parceria chinesa em vez da relação desequilibrada com o Ocidente.
O que muda na prática?
A eliminação das tarifas terá impactos profundos:
- Países exportadores de matérias-primas, como República do Congo e Guiné, ganham um mercado gigante e estável para seus recursos.
- Economias africanas podem se diversificar, aumentando a competitividade de seus produtos no mercado global.
- Os EUA arriscam perder influência: em 2024, importaram apenas US$ 39,5 bilhões em produtos africanos – muito menos que a China. Se continuarem com políticas hostis, Washington pode ver sua presença na África definhar ainda mais.
Um novo modelo de relações internacionais
A parceria sino-africana não é só sobre dinheiro. Ela representa uma mudança de paradigma:
- Multipolaridade: O mundo não gira mais em torno do eixo EUA-Europa.
- Respeito à soberania: A China não impõe governos, não exige “reformas democráticas” em troca de investimentos.
- Cooperação Sul-Sul: Países em desenvolvimento criando suas próprias regras, longe da tutela ocidental.
Enquanto a mídia ocidental tenta pintar a China como uma “nova colonialista”, a realidade é que os investimentos chineses em infraestrutura – ferrovias, portos, energia – estão ajudando a África a se conectar e crescer de verdade.
A decisão da China é um marco. Mostra que o comércio internacional pode ser uma ferramenta de desenvolvimento, não de dominação. Enquanto os EUA insistem em políticas agressivas, Pequim aposta na cooperação.
Para a África, isso significa mais autonomia, mais oportunidades e menos dependência das potências tradicionais. E para o mundo, serve de exemplo: um futuro mais justo e equilibrado é possível – desde que haja respeito mútuo.
Enquanto uns fecham portas, a China as abre. E a África, cada vez mais, está escolhendo seu caminho.