A aeronave ATR 72-500 da Voepass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, havia apresentado problemas com o sistema de degelo em pelo menos seis ocasiões ao longo de 2023. Os dados foram obtidos pelo jornal O Globo nesta quinta-feira 15 a partir de relatórios internos da companhia aérea.
Esses problemas são considerados uma das possíveis causas do acidente que vitimou 62 pessoas, de acordo com especialistas.
Os relatórios revelam que, em pelo menos uma dessas ocorrências, a recomendação técnica foi para que a aeronave evitasse voar sobre o Sul do Brasil, uma região propensa a condições climáticas adversas, especialmente durante o inverno. Contudo, segundo a publicação, essa orientação teria sido ignorada pela Voepass, que continuou a operar a aeronave em rotas para a região.
No dia 13 de julho de 2023, uma inspeção realizada em Ribeirão Preto identificou restrições de gelo na aeronave e reforçou a recomendação de evitar voos para o Sul. No entanto, a aeronave foi enviada para Porto Alegre, onde novamente foi constatado que o sistema de degelo estava inoperante.
A situação se repetiu no dia seguinte em Congonhas, São Paulo, onde o problema de degelo foi novamente identificado, além de falhas no gerador elétrico e no indicador de situação horizontal, instrumentos essenciais para a operação segura do avião. Apesar disso, a aeronave foi liberada para voo.
No dia do acidente, o avião enfrentou uma turbulência acentuada por uma combinação de massa de ar polar e fumaça de queimadas da Amazônia.
Durante aproximadamente dez minutos, a aeronave atravessou nuvens supercongeladas, com temperaturas de até -40ºC, o que possivelmente resultou no acúmulo de gelo nas asas, comprometendo ainda mais a estabilidade e segurança do voo.
Após o acidente, a Voepass afirmou que a aeronave estava operante no momento da queda e que todas as falhas detectadas anteriormente haviam sido corrigidas.