STF

Juristas de botequim que defendem Alexandre de Moraes

Setores da esquerda que consideram Xandão um bastião da luta contra o bolsonarismo se tornaram o equivalente aos defensores da Lava Jato durante o golpe contra Dilma

Um grande setor da esquerda pequeno burguesa caiu do golpe de que Alexandre de Moraes era um grande aliado do PT, um defensor da democracia. Por isso, agora que ele está sendo descartado pela burguesia, estão desesperados para defendê-lo. Os vazamentos feitos por Greenwald têm evidências enormes de que Moraes cometeu crimes, mas esse setor quer provar que Moraes nunca fez nada de errado. É o caso de Moisés Mendes que publicou o artigo: “Missão da Folha no ataque a Moraes é denunciada pelo uso da palavra ‘nulidade’”

Ele começa: “A Folha vendeu, desde a primeira manchete contra Alexandre de Moraes, a ideia de que o não cumprimento de ritos levaria à nulidade das provas das investigações contra os golpistas. Mas o fracasso imediato dos argumentos ‘jurídicos’ levou o jornal, dois dias depois, a buscar outra tática e a investir na pauta pretensamente ética e moralista para desqualificar o ministro”

Aqui o autor se esforça para criar uma realidade própria, de que a Folha não comprovou as ilegalidades de Moraes. O fato de que Moraes atuava como acusador, como investigador, como juiz e de que não havia nenhuma instância acima dele mostram que os processos realizados foram totalmente ilegais. Dai surge a nulidade das provas, pois elas tinham a participação direta de Moraes que, num sistema democrático, seria apenas um juiz e não um homem da Santa Inquisição.

Ele afirma: “A palavra nulidade aparece já na manchete de 13 de agosto com uma sutileza. Os autores da reportagem, Fabio Serapião e Glenn Greenwald, transcrevem conversas entre o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas, do STF, com Eduardo Tagliaferro, servidor do TSE. Vargas brinca com a possibilidade da bandidagem bolsonarista questionar as provas, prevendo o uso do argumento difundido pela Folha do não cumprimento de ritos. ‘Falha na prova, vou impugnar’, diverte-se o juiz”

Não importa se quem questiona as provas é a bandidagem bolsonarista, se é Elon Musk, se é Greenwald, a Folha de São Paulo, Fidel Castro ou Vladimir Putin. Independente de quem questione é algo tão absurdo que os próprios juízes estão brincando que vão impugnar. O “argumento difundido pela Folha” não é um fato que até uma criança que está aprendendo na escola sobre os três poderes compreende. Um juiz deve julgar, ele não deve investigar e não deve acusar. Se ele fizer um desses dois ele já está sendo criminoso, se fizer os três ao mesmo tempo é um ditador. A Folha de São Paulo acusa Moraes por motivos políticos e não por princípios, mas isso é irrelevante para os fatos.

Moisés começa a trabalhar com palavras para esconder o elefante branco: “A manchete é esta: ‘Atuação de assessores de Moraes fora do rito pode abrir brecha para nulidade’. A palavra nulidade reaparece aqui por três vezes. E a palavra anulação aparece uma”

A nulidade dos processos é uma consequência secundária, o principal da denúncia é que um ministro do STF se tornou um verdadeiro ditador. Essa esquerda quer ignorar isso pois acha que é um ditador do bem. Contudo, primeiro, não se pode negar que é um ditador, segundo, ele certamente não é aliado dos trabalhadores, vide o ano de 2018 quando prendeu o presidente Lula.

O autor cita juristas que afirmam que Moraes não cometeu irregularidades, mas se os juristas justificaram o processo do mensalão, e a Lava Jato citar juristas não tem falar nenhum. É preciso discutir o que de fato aconteceu. Depois de mais de 10 anos de desmandos do judiciário no Brasil citar “juristas” não tem valor algum.

Um dos aspectos mais absurdos vazados por Greenwald é que Moraes usou a estrutura do TSE até para averiguar pessoas que fariam obras em sua casa. Aqui já é um caso de corrupção tradicional, pode não ser tão importante, mas é um indicativo de como Moraes se considerava um verdadeiro rei do STF podendo usar o tribunal a seu favor.

Mas a sanha por defender Xandão é tão grande que Moisés Mendes afirma que “não havia nada de acesso privilegiado a algo sigiloso. O jornalismo profissional, que não é só o da Folha, já provou que qualquer criança pode entrar na internet e obter informações sobre envolvidos em processos judiciais públicos que não estejam sob segredo de Justiça. O que a Folha quis sugerir é que Moraes, caçado pelo fascismo até em aeroportos, passou dos limites ao querer saber quem entraria em sua casa e poderia ficar por algum tempo fazendo reformas”

Independente dos funcionários do TSE terem realizados procedimentos leais ou não, é totalmente absurdo que se utilize o poder público para essas questões privadas. Esse pode não ser o principal argumento contra Moraes, mas defender isso é uma demonstração de que não há compromisso com o Estado democrático. Vale tudo só porque Xandão é um suposto aliado.

O artigo faz uma comparação perfeita: “Se não conseguiu angariar apoios para a tese da nulidade processual, era preciso desqualificar a postura do ministro. Que Alexandre de Moraes passasse a ser visto como uma figura desprezível e equivalente a um Sergio Moro”

Moro é mal visto não por pequenos casos de corrupção, ele é mal visto pelo seu papel no golpe de Estado de 2016. Nesse sentido Alexandre de Moraes deveria ser ainda mais mal visto. Isso porque ele participou dos dois avanços ditatoriais do judiciário. Ele estava com Moro em 2016 e depois no seu Inquérito das “Fake News” a partir de 2019.

O grande problema da esquerda é que ele não entendeu que Moraes nunca foi de fato um aliado. Isso fica ainda mais claro na conclusão do artigo: “militares e grandes empresários planejadores e financiadores do golpe podem ter a chance de aparecer como vítimas do desrespeito aos ritos. As nulidades do bolsonarismo estão em festa”

Ele acredita que a Folha está salvando os militares e grandes empresários. Mas em que momento algum bolsonarista importante passou perto de ser punido? Houve muita festa sobre a “iminente prisão de Bolsonaro”, algo que nunca passou perto de acontecer.

Quando era contra o PT o STF realmente fazia um combate. Ajudaram a derrubar Dilma, ajudaram a prender Lula. Xandão apoiou Bolsonaro em 2018, isso é uma campanha real. Contra os bolsonaristas não existe uma perseguição da mesma forma. Eles querem adestrar o bolsonarismo. Não querem uma direita descontrolada como por exemplo Viktor Orban da Hungria que é um entrave para a OTAN. Querem um Zelensqui, um Milei, esse é o objetivo de Xandão. Adestrar o bolsonarismo perseguindo alguns elementos.

O bom do fim dessa etapa é que não há mais a capa de Xandão para a esquerda de esconder detrás. É preciso combater de fato o bolsonarismo com os trabalhadores nas ruas.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 19/08/2024