
O advogado racista José Francisco Barbosa Abud, encontrado morto nesta segunda (28) no Rio de Janeiro, ficou conhecido por um ataque racista contra juíza. Em caso que tramita na 3ª Vara Cível de Campos dos Goytacazes, ele chamou Helenice Rangel, titular da vara, de “magistrada afrodescendente com resquícios de senzala e recalque ou memória celular dos açoites”.
Antes, no entanto, o advogado estava perseguindo a magistrada e chegou a enviar mais de 20 e-mails a ela com ofensas. Desde 2023, quando entrou com um processo pedindo anulação de um testamento no qual sua própria mãe era uma das herdeiras, ele passou a enviar mensagens ofensivas à juíza.
Nos e-mails, ele acusou Helenice de cometer “barbeiragens” na função e não cumprir prazos, além de chamá-la de “prevaricadora”. Veja as mensagens:


A juíza acionou a Justiça contra Abud e a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ), que representa Helenice, pediu que sua pena fosse aumentada em um terço porque o crime foi cometido contra funcionária pública. Se fosse condenado, ele poderia ser preso por até dois anos e ter que pagar indenização.
Na petição que fez o advogado ficar conhecido, Abud diz que as determinações de Helenice foram afetadas por “recalque ou memória celular dos açoites”. “Infundadas decisões prevaricadoras proferidas por bonecas admoestadas das filhas das Sinhás das casas de engenho”, diz outro trecho.
As declarações foram repudiadas por diversos órgãos, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que pediu sua expulsão por “conduta incompatível com a advocacia” e cometer “crime infamante, que gerou comoção na sociedade”.
A Associação dos Magistrados Brasileiros, a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) também criticaram o advogado, apontando que ele “afrontou o Poder Judiciário” e que “atitudes que desrespeitam a magistratura, servidores e qualquer pessoa são incompatíveis com os valores que norteiam a profissão e não condizem com a conduta esperada de advogados”.
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