
O advogado Daniel Bialski, que defendia a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), renunciou à representação da parlamentar após ela anunciar sua saída do Brasil. Em contato com a imprensa, Bialski afirmou que a decisão é de “foro íntimo”, sem fornecer novos detalhes sobre o motivo da desistência.
Nesta terça-feira (3), Zambelli comunicou em transmissão ao vivo no YouTube que deixou o território brasileiro e solicitará licença do mandato. A deputada bolsonarista não revelou seu destino exato, mas afirmou que está na Europa.
“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e, agora, eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, declarou.
A saída de Zambelli ocorre 20 dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) condená-la a 10 anos de prisão pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão judicial foi proferida no âmbito da investigação sobre ataques cibernéticos contra instituições públicas.
A Carla Zambelli confessou na cara dura que fugiu do Brasil pra poder atacar o judiciário de longe. Golpistas não respeitam o resultado eleitoral e nem decisões do judiciário. Se não prenderem o Bolsonaro, ele fará o mesmo. O que está faltando?pic.twitter.com/2ZXpoW00It
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) June 3, 2025
Quem é Bialski
Daniel Bialski, especialista em Direito Penal, tem um extenso currículo na defesa de figuras políticas. Em agosto de 2023, ele assumiu brevemente a defesa da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) no caso das joias recebidas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas deixou o caso após oito dias, alegando “comum acordo” com a defesa principal.
Além de Zambelli, Bialski já representou outros nomes conhecidos, como o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Atualmente, ele também defende o técnico de futebol Cuca, conseguindo anular sua condenação por estupro em um caso que envolveu uma adolescente 13 anos na Suiça em 1987, quando ele ainda atuava como jogador do Grêmio.
Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1992, Bialski é mestre em Processo Penal pela mesma instituição. Ele herdou o escritório do pai, Helio, que hoje leva seu nome: Bialski Advogados Associados.
Além da atuação criminal, o advogado tem experiência em Direito Administrativo Sancionador, especialmente em processos disciplinares envolvendo órgãos de classe, como a Corregedoria da Polícia Civil. Ele também integra o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e a Comunidade de Juristas de Língua Portuguesa.
Fora do âmbito jurídico, Bialski ocupou cargos de destaque em instituições judaicas, como a presidência da Sinagoga Beth-el e do Clube A Hebraica de São Paulo. Também foi diretor do Museu Judaico de São Paulo e conselheiro do Sport Club Corinthians Paulista.