
O advogado Cezar Bitencourt, responsável pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, reagiu com veemência ao pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra seu cliente. Em declaração à ‘Folha de S.Paulo’, ele minimizou a relevância do processo e disparou: “Dane-se o PGR. A vida do Cid segue indiferente à existência do processo”.
A reação ocorreu após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). A PGR alegou que as viagens recentes da família de Cid aos Estados Unidos, somadas à tentativa do ex-ministro Gilson Machado de obter um passaporte português para o militar, indicariam um possível plano de fuga.
Embora Machado tenha sido preso pela Polícia Federal no Recife, ele teve a prisão preventiva revogada ainda na sexta-feira (13). No caso de Mauro Cid, agentes da PF foram até sua residência com um mandado de prisão em mãos, mas ao chegarem ao local, foram informados de que a ordem havia sido revogada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O tribunal confirmou que o militar não foi preso e que ele compareceu voluntariamente à sede da PF em Brasília por volta das 11h do mesmo dia para prestar depoimento.
A viagem dos familiares de Cid aos Estados Unidos, iniciada em 30 de maio, teve como objetivo participar da festa de 15 anos de uma sobrinha. A mãe, esposa e uma das filhas do militar embarcaram de Brasília para Los Angeles, com escala na Cidade do Panamá, em voo operado pela Copa Airlines.

A defesa sustenta que a viagem é estritamente pessoal e não está relacionada às investigações. “A família está nos EUA sem data prevista para retornar. Ela não tem nada a ver com o processo do Cid e não deve explicação a ninguém”, afirmou Bitencourt, que também negou que o militar tenha violado quaisquer condições impostas pela Justiça. Apesar disso, registros apontam que há passagens de retorno compradas para o dia 20 de junho.
Além disso, o advogado confirmou que Mauro Cid permanece impedido de deixar o país há mais de um ano, por determinação judicial. Parte da família do tenente-coronel reside nos Estados Unidos: seu irmão Daniel vive na Califórnia, onde cuida de uma das filhas de Cid há pelo menos três anos. Seu pai, por sua vez, morou nos EUA durante o governo Bolsonaro, quando foi nomeado para liderar o escritório da Apex em Miami, entre 2019 e 2022.
Outro ponto mencionado pela defesa envolve o processo de cidadania portuguesa do militar. Cid solicitou o reconhecimento da nacionalidade em fevereiro de 2023, com base na origem portuguesa de sua mãe.
A Embaixada de Portugal concluiu o processo em 2024, emitindo um cartão de identidade válido até 2035. No entanto, a defesa ressaltou ao STF que o documento serve apenas como identificação em território português e não confere imunidade legal ou direito de residência automática em outros países.
Last Update: 15/06/2025