Um episódio de racismo marcou o julgamento de um processo em em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. A juíza Helenice Rangel, da 3ª Vara Cível da cidade, foi vítima de um ataque do advogado Francisco Abud.
Em uma petição encaminhada à juíza– que era a responsável por apreciar o caso em que Abud trabalha –, o advogado disse que Rangel seria uma “magistrada afrodescendente com resquícios de senzala e recalque ou memória celular dos açoites”.
Em outro trecho da petição, o advogado critica o que chama de “decisões prevaricadoras proferidas por bonecas admoestadas das filhas das Sinhás das casas de engenho”.
Helenice Rangel se declarou suspeita para julgar o caso. Assim, o magistrado Leonardo Cajueiro D’Azevedo assumiu o processo. Em seguida, ele encaminhou a ação ao procurador-geral de Justiça, Antônio José Campos Moreira, pedindo uma investigação contra Francisco Abud por três crimes: racismo, injúria racial e apologia ao racismo.
Helenice Rangel disse que a conduta do advogado é “ameaçadora”. “Temos que dar um basta a essa sensação de impunidade”, enfatizou. Segundo ela, Abud tem um comportamento inadequado, já que, antes mesmo desse episódio, ele enviava e-mails desrespeitosos e irônicos.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por sua vez, repudiou as manifestações racistas direcionadas à magistrada. “As declarações proferidas pelo advogado José Francisco Abud são incompatíveis com o respeito exigido nas relações institucionais e configuram evidente violação aos princípios éticos e legais que regem a atividade jurídica.”
José Abud ainda não se manifestou sobre o caso.