O advogado Paulo Cunha Bueno, um dos integrantes da equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse que os planos golpistas apontados pela Polícia Federal não previam a participação do ex-capitão no suposto governo que se instalaria após o desfecho da trama. A nova linha da defesa do ex-capitão sustenta que ele seria, na prática, traído por companheiros.
Em entrevista, Bueno afirmou que os “beneficiados” em caso de sucesso do plano seriam os integrantes de uma “junta” militar. E “nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”.
A tese visa, evidentemente, afastar o ex-presidente da trama que, segundo a investigação da PF, foi planejada e dominada por ele. Na prática, vale ainda destacar, essa linha de defesa comprometeria aliados de primeira hora de Bolsonaro, como seus ex-ministros Augusto Heleno e Walter Braga Netto.
O advogado citou por diversas vezes o nome do general Mário Fernandes, que foi o “número 2” da Secretaria-Geral da Presidência da República durante o governo Bolsonaro e está preso em meio às investigações.
“Segundo o plano do general Mário Fernandes”, disse o advogado, “quem seria beneficiado seria uma junta que seria criada após a operação Punhal Verde e Amarelo”.
Perguntado se Bolsonaro acredita que haveria um plano de golpe para beneficiar outros militares, Bueno tentou tirar Bolsonaro do foco das investigações.
“Eu não conheço o general Mário Fernandes, mas o que está escrito no arquivo não beneficia o meu cliente. Ele está excluído desse arquivo. Se for verdade”, insistiu.
O advogado chegou a dizer que Bolsonaro não tinha “obrigação” de denunciar a trama golpista, e que, quando ocupou a Presidência, ele recebeu “todo tipo de proposta”.
“Não tem o nome dele lá, ele não seria beneficiado disso. Quem iria assumir o governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”, repetiu o advogado.
O capitão reformado já faz planos caso haja eventual mandado de prisão: ele não descarta, por exemplo, buscar refúgio em embaixada de país chefiado por um de seus aliados. Mas, para Paulo Cunha Bueno, ele não deve ser preso.
“Não faria sentido que houvesse algum tipo de prisão. O que eu espero em primeiro lugar é que meu cliente seja julgado pela corte competente, por juízes imparciais e não por desafetos pessoais. Isto é o mínimo que alguém acusado, eventualmente, tem o direito de ter”, afirmou.