Luís Carlos, atual candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, com apoio do PT, tem revelado quem é não só para seus adversários, mas também seus próprios eleitores. Antes mesmo de ser eleito, Luís Carlos já demonstra uma inclinação preocupante em direção a políticas que são, no mínimo, controversas e no pior caso extremamente conservadoras para alguém que se coloca como um representante da esquerda. Dentre diversas pautas que de esquerda não possuem nada, como não se posicionar na defesa dos palestinos e denunciar o governo popular da Venezuela, uma que chama a atenção é a defesa explícita do equilíbrio fiscal, uma postura que o coloca, de forma irônica e paradoxal, à direita de figuras abertamente liberais como Tabata Amaral.
Carlos Eduardo, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), não poupou críticas a Luís Carlos em uma recente edição do programa “Análise Política de Terça” da Causa Operária TV. Para Carlos, o apoio de Luís Carlos ao equilíbrio fiscal não é apenas uma traição aos princípios que ele, supostamente, deveria defender, mas também uma demonstração de como o candidato está disposto a adotar políticas de austeridade que, no passado, ele mesmo criticou veementemente. A crítica de Carlos é ainda mais contundente quando se considera a posição histórica do PSOL e de Luís Carlos em relação às medidas de austeridade implementadas por Dilma Rousseff durante seu governo.
Luís Carlos, que foi um dos críticos mais vocais do ajuste fiscal promovido por Dilma em 2015, agora adota uma postura semelhante, senão mais agressiva. Durante o 1º de maio de 2015, Luís Carlos estava entre aqueles que condenavam as políticas de ajuste de Dilma, que na época eram vistas como uma capitulação às pressões neoliberais e uma traição aos trabalhadores. Naquele contexto, o PSOL, juntamente com outros setores da esquerda, organizava manifestações e atos com faixas exigindo o fim do ajuste fiscal, argumentando que tais medidas prejudicavam os mais pobres e minavam as conquistas sociais dos governos petistas.
No entanto, à medida que sua candidatura à prefeitura de São Paulo avança, Luís Carlos parece ter revisitado suas posições. Ele agora defende a manutenção do equilíbrio fiscal como uma prioridade para a gestão municipal, uma posição que Carlos Eduardo não hesitou em classificar como “uma desmoralização total para a esquerda”. O apoio de Luís Carlos ao equilíbrio fiscal é uma evidência de que ele já começa a se alinhar com as políticas neoliberais antes mesmo de ser eleito, o que evidencia com seriedade sobre o tipo de governo que ele poderia vir a liderar.
Carlos também destacou a incoerência de Luís Carlos ao lembrar que, em meio à campanha, ele não só defende o equilíbrio fiscal, mas também já se comprometeu a manter elementos centrais do aparato repressivo do Estado, ao indicar que manteria policiais da ROTA em posições de poder. Vale lembrar que é a ROTA que promove a chacina dos pobres em São Paulo, sobretudo da juventude. Além disso, Luís Carlos fez questão de se posicionar como um cristão ortodoxo, uma sinalização que Carlos interpreta como uma tentativa de ganhar votos entre setores mais conservadores da sociedade, mas que, para a esquerda, representa um movimento perigoso em direção à direita.
A crítica de Carlos vai além de uma simples análise de campanha eleitoral; ela é uma advertência sobre o que está em jogo para a esquerda brasileira. A estratégia de Luís Carlos e do PSOL de “vale tudo para ganhar a eleição” é não apenas perigosa, mas potencialmente desastrosa. Se Luís Carlos for eleito e continuar nessa trajetória, a esquerda não apenas perderá em termos políticos, mas também sofrerá uma desmoralização que pode ter efeitos duradouros.
Luís Carlos, que outrora se apresentava como um crítico feroz das políticas de austeridade, agora parece estar disposto a implementar as mesmas medidas que condenava. O apoio de Luís Carlos ao equilíbrio fiscal e a outras políticas de direita representa “uma fraude eleitoral enorme”, como destacou Carlos, especialmente considerando o apoio do PT a sua candidatura. É inadmissível que a esquerda apoie um candidato que, na prática, está mais alinhado com as políticas neoliberais do que com os princípios que deveriam guiar um verdadeiro projeto de esquerda.