O ex-colunista da Folha de S.Paulo, Jânio de Freitas, publicou um artigo no Poder 360, onde afirma que Nicolás Maduro, o presidente reeleito da Venezuela, é um nome “da direita”, do qual a esquerda brasileira deve se afastar.
Em seu artigo, Jânio afirma que “esquerda e direita se identificam a propósito de Nicolás Maduro. Ambas aplicam uma conceituação irrefletida, simplista mesmo, a esse personagem vago de um mundo aturdido.” Segundo o próprio, tanto a direita quanto a esquerda brasileira cometem o erro de o ver “como um homem de esquerda a conduzir um governo de esquerda, sob permanente assédio internacional do capitalismo.”
O tom do colunista já revela a política golpista que o mesmo está tentando justificar. Na ideia de buscar convencer um público à esquerda, Jânio de Freitas segue à risca o papel de um pseudo-esquerdista, usando argumentos como a defesa da suposta “democracia” e de uma política “bem pensante”, para no fim defender a mesma política do imperialismo.
Na ideia de conseguir justificar sua tese de que Maduro seria da direita, Jânio chega a comparar o impedimento de Lula de concorrer as eleições em 2018, um golpe eleitoral dado com apoio do imperialismo contra o candidato, com o impedimento de Maria Corina, líder da extrema-direita venezuelana que é a principal representante do interesse do imperialismo no país. Tentando criar uma equivalência completamente arbitrária, o colunista tenta afirmar que Maduro é praticamente um Jair Bolsonaro venezuelano.
“O que Maduro fez à candidata em vantagem para a sucessão venezuelana, María Corina Machado, foi o que os bolsonaristas fizeram a Lula em 2018” afirmou.
O colunista vai além e afirma que se Maduro é igual a Bolsonaro e Bolsonaro é igual a Trump, logo, todos seguem a mesma política. “São táticas da direita”, declara.
Dessa forma, segundo a lógica absurda descrita, Maduro, que sofre diretamente com os ataques do imperialismo norte-americano seria na realidade a outra face da mesma moeda. Quando desenvolvido o argumento nota-se ao nível de absurdo que o colunista do Poder 360 chega ao ponto para tentar convencer uma parcela dos setores da esquerda dita democrática a se alinhar com o imperialismo contra Nicolás Maduro e o povo venezuelano.
A realidade é que diferente de Maduro, é justamente Jânio de Freitas que é um direitista. Todo seu malabarismo busca justificar o que hoje se desenvolve na Venezuela como uma intensa campanha golpista orquestrada pelo imperialismo em conjunto com grupos fascistas venezuelanos.
Nicolas Maduro representa, acima de tudo, a mobilização revolucionária dos trabalhadores venezuelanos, que há mais de duas décadas lutam para garantir a soberania do país contra a pressão imperialista. O governo de Maduro se mostrou, ao contrário do que afirma o colunista, um regime muito mais democrático do que qualquer outro na América do Sul.
Maduro comprovou sua vitória tanto na mobilização popular quanto nas inúmeras demonstrações institucionais, na recontagem das atas, algo que sequer existe em “democracias” como a do Brasil, na convocação de todos os candidatos de oposição a verificarem mais uma vez o resultado eleitoral.
A tal ditadura de Maduro é inexistente. O que há, por outro lado, é uma enorme campanha do imperialismo que na impossibilidade de vencer por meio das eleições, de convencer o povo venezuelano, é obrigado a agir pela força tentando impor uma verdadeira ditadura no país a partir de um golpe de Estado.
Neste sentido, o articulista do Poder 360 se coloca no papel de ser propagandista deste golpe de Estado em nome de uma suposta “democracia”. No entanto, de quem viria esta democracia? Do Partido Democrata dos Estados Unidos.
O verdadeiro organizador do golpe fascista na Venezuela é Joe Biden e Kamala Harris, a dupla democrata que leva a frente a política golpista do imperialismo em todo o mundo.
O articulista considera Trump um “antidemocrático”, ao contrário de Joe Biden. Na prática, os tais democratas que lutam contra o “ditador” Maduro são justamente os financiadores da extrema direita fascista na Venezuela.