Em interrogatório no STF, Ramagem nega ligação com plano golpista e afirma que as acusações da PGR são infundadas e baseadas em anotações pessoais


Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (9), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou qualquer participação em uma tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral de 2022. O ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), no entanto, enfrenta acusações graves da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o aponta como um dos articuladores de um esquema de espionagem e disseminação de desinformação contra opositores do governo anterior.

Ramagem, segundo réu do chamado “núcleo crucial” da investigação a ser ouvido, afirmou que provará sua inocência. “Não há veracidade na imputação de crimes. Estamos aqui para demonstrar inocência”, declarou. Sobre documentos encontrados em seus dispositivos com críticas ao sistema eleitoral, o parlamentar os classificou como meras “anotações privadas”, negando que representassem um plano de ataque às urnas.

Abin sob suspeita: espionagem e guerra de desinformação

A PGR sustenta que, durante a gestão de Ramagem na Abin, a agência foi usada ilegalmente para monitorar adversários políticos e alimentar campanhas de desinformação. Segundo a denúncia, o ex-diretor “supervisionou e teve pleno conhecimento” de uma célula paralela dentro da Abin, composta pelo policial federal Marcelo Araújo Bormevet e pelo sargento Giancarlo Gomes Rodrigues, que supostamente operava perfis falsos nas redes sociais para atacar instituições e figuras da oposição.

Ainda de acordo com a acusação, as atividades irregulares teriam começado em 2019 e se intensificado em 2021, com o aval do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), então chefiado pelo general Augusto Heleno. Um documento intitulado “Presidente TSE informa.docx”, encontrado em posse de Ramagem, indicaria que ele próprio orientava Bolsonaro a reforçar a narrativa de fraude eleitoral em seus discursos públicos.

O núcleo crucial e os próximos passos do processo

Ramagem integra o grupo de oito réus acusados de liderar a suposta organização criminosa que buscava impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Os interrogatórios, que seguem até sexta-feira (13/6), incluem nomes como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Apesar do tom defensivo de Ramagem, as evidências apresentadas pela PGR pintam um cenário preocupante de instrumentalização do Estado para fins políticos, com uso de órgãos de inteligência para perseguição de adversários. O desfecho do caso poderá marcar um precedente crucial sobre os limites entre política e segurança nacional no Brasil.

Enquanto os interrogatórios avançam, a sociedade aguarda para ver se as provas serão suficientes para comprovar as acusações ou se, como alega a defesa, tudo não passaria de um mal-entendido. O STF, no entanto, parece determinado a esclarecer até que ponto o aparato estatal foi cooptado para servir a interesses particulares durante o governo Bolsonaro.

Com informações de Poder 360*

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Last Update: 10/06/2025