O jornal estadunidense The New York Times repercutiu, na sexta-feira (5), as acusações feitas pela Polícia Federal do Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), relacionadas ao desvio de joias recebidas como presentes de líderes estrangeiros durante seu mandato.
“Polícia brasileira acusa Bolsonaro de desviar joias sauditas”, escreveu um dos principais veículos dos Estados Unidos na manchete. No subtítulo da matéria, é descrito ainda que o ex-mandatário pode “enfrentar problemas criminais por roubar presentes”.
De acordo com duas fontes próximas à investigação, que pediram anonimato para descrever documentos sigilosos do caso, a polícia recomendou que Bolsonaro seja formalmente acusado criminalmente, adicionando mais um capítulo aos seus desafios jurídicos.
Conforme relatado pelo “NYT”, a PF acusa Bolsonaro e 11 de seus aliados de tentar manter e vender presentes valiosos recebidos de governos estrangeiros, incluindo joias de diamantes avaliadas em US$ 1 milhão e um conjunto de ouro 18 quilates, ambos presentes da Arábia Saudita.
Em um dos casos, a equipe de Bolsonaro tentou vender o conjunto de ouro por US$ 50.000 em uma casa de leilões em Manhattan no ano passado. Além disso, documentos investigativos mostram que dois relógios de luxo foram vendidos em um shopping na Pensilvânia por US$ 68.000, com parte do dinheiro sendo entregue a Bolsonaro.
Embora a Polícia Federal utilize o termo “indiciamento”, Bolsonaro ainda não foi formalmente acusado. Cabe agora ao procurador-geral federal decidir se apresentará acusações contra o ex-presidente e o levará a julgamento. Até o momento, tanto o procurador quanto o Supremo Tribunal Federal do Brasil ainda não haviam recebido as recomendações da polícia.
O New York Times também destacou que este caso se soma a outros problemas legais enfrentados por Bolsonaro, apenas 18 meses após deixar o cargo. Em março, a Polícia Federal recomendou acusações contra Bolsonaro por um esquema de falsificação de registros de vacinação contra a Covid-19.
Antes disso, em fevereiro, a polícia confiscou seu passaporte e ordenou que ele permanecesse no Brasil enquanto investigavam seu papel em uma conspiração para manter-se no poder após perder a eleição de 2022. Bolsonaro chegou a passar duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, aparentemente buscando asilo, conforme mostram imagens de câmeras de segurança obtidas pelo The New York Times.