Governo dos EUA sinaliza tom mais brando sobre tarifas contra a China, mas Pequim cobra sinceridade.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu sinais de suavizar sua postura sobre as tarifas contra a China. Em declaração feita na terça-feira no Salão Oval, ele expressou otimismo quanto à melhoria nas relações comerciais com Pequim, segundo a BBC. A administração Trump estaria considerando reduzir significativamente as tarifas sobre importações chinesas — em alguns casos, pela metade — como tentativa de reduzir as tensões que abalam o comércio e os investimentos globais, segundo fontes ouvidas pelo Wall Street Journal.

O presidente disse que os 145% de tarifas impostos “são muito altos” e que “não ficarão nesse patamar”. “Cairão substancialmente. Mas não serão zero — já foram zero”, afirmou à imprensa, conforme noticiado pelo USA Today.

A resposta de Pequim veio no dia seguinte, durante coletiva regular do Ministério das Relações Exteriores. O porta-voz Guo Jiakun reiterou que, se os EUA realmente quiserem uma solução negociada, devem parar com ameaças e chantagens e buscar um diálogo com base em igualdade, respeito e benefício mútuo. “Pedir um acordo enquanto aplicam pressão extrema não é o caminho certo e simplesmente não funcionará”, disse Guo.

Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, a guerra tarifária é insustentável para ambos os lados. Durante um evento fechado com investidores, ele declarou que as duas maiores economias do mundo precisam encontrar formas de desescalar o conflito, segundo a Bloomberg.

Os mercados reagiram positivamente aos sinais de distensão. O índice Dow Jones subiu 926 pontos (2,3%), o S&P 500 avançou 2,8% e o Nasdaq, 3,6%. Os contratos futuros das bolsas também registraram altas, impulsionados pela perspectiva de redução nas tarifas, conforme reportado pela CNBC.

Especialistas chineses, no entanto, adotaram tom cauteloso. Bao Jianyun, professor da Universidade Renmin, disse que a política tarifária dos EUA mostrou uma discrepância entre objetivos iniciais e resultados obtidos. Apesar das declarações, ele pondera que “até agora, são apenas palavras”.

Zhou Mi, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, afirmou que as tarifas já causam impactos negativos aos próprios EUA e que não há garantia de que os comentários recentes resultem em ações concretas. “O que importa não é o que se diz, mas o que se faz”, afirmou Zhou, acrescentando que Washington precisa deixar claro os mecanismos e setores envolvidos na possível redução tarifária.

Guo reforçou que a China não busca uma guerra comercial, mas também não teme uma. “Se os EUA quiserem de fato negociar, devem demonstrar sinceridade”, reiterou. A credibilidade dos EUA, segundo os analistas, está abalada pelas ações tarifárias.

Lü Xiang, especialista em estudos sobre os EUA da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que as declarações de Trump estão dentro do esperado, indicando que os EUA perceberam que as tarifas também afetam sua própria economia. Mas alertou: “não devemos ser excessivamente otimistas”.

Por fim, Bao destacou que, apesar do tom mais brando, pode se tratar apenas de um ajuste técnico, sem que haja mudança na estratégia de conter a China. Para ele, um diálogo real exige mais do que palavras: requer compromisso, clareza e ação.

Yin Yeping e Ma Jingjing
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23 de abril de 2025
Global Times

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Governo Lula,

Last Update: 24/04/2025