Vivendo no interior dos Estados Unidos uma tempestade perfeita: aumento da inflação, queda nos empregos, e denúncias de envolvimento em casos de pedofilia, no célebre caso Epstein, Donald Trump acuado pela rejeição nas pesquisas resolve atacar os países com longa tradição de relações com os EUA, taxando-os de forma deletéria e inconsequente.
No caso do Brasil, além de ameaçar impor uma taxa de 50% nas nossas importações, se intrometeu- à pedido da família Bolsonaro e de alguns de seus asseclas, nas ações levadas a cabo pelo Poder Judiciário para punir a tentativa de golpe de Estado.
Valentão do Queens, com longa e controversa atuação no ramo imobiliário em Nova York, Donald Trump veste a fantasia de âncora de reality shows e transforma a Casa Branca em estúdio do “The Aprentice”. Programa televisivo que ele apresentou na rede de televisão Norte-Americana NBC.
A caricatura de apresentador se fez presente na patética audiência na sede do governo com Volodymir Zelenski, no início do seu mandato e na tentativa de embaraçar o Presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa, mais recentemente. A lógica de sobretaxar diversos países, veio após as tresloucadas ameaças à soberania do Canadá, do México e da Dinamarca, com sua proposta estapafúrdia de anexar a Groelândia aos EUA. A reação canadense, mexicana e dinamarquesa foi firme. Fazendo com isso o bufão recuar.
Atuando tal qual regente de auditório, em cuja plateia se encontram fundamentalistas religiosos, supremacistas e o suprassumo do Maga- Make American Great Again, Trump vai rugindo ameaças sobre o mundo. Parecendo querer reeditar o espírito de James Monroe, o ex-presidente que em 1823 que proclamou as bases de sua doutrina como a América para os americanos. Isto é, não só os Estados Unidos e sim todo o continente americano. Uma aberração. Como toda liderança que opera na base das ameaças verbais e ainda mais pilotando um país onde os interesses do capital sempre foram determinantes, os recuos vão na mesma velocidade.
Mestre do ilusionismo político, agora ataca as principais lideranças do Partido Democrata, seu principal contendor com acusações contra Barack Obama, Hillary Clinton e Joe Biden. Mera cortina de fumaça.
No caso brasileiro, salvo o aplauso de velhos traidores da pátria e de agentes do capital financeiro, nenhum setor lúcido da economia e da política somou-se a essa patranha. Cabe a nós progressistas construirmos um amplo leque de apoio às ações da diplomacia brasileira, lutar fortemente para fazer ver a maioria da população que o que está em jogo é mais do que a disputa de 2026. E sim a soberania do Brasil como nação.
Alberto Cantalice é diretor da Fundação Perseu Abramo e membro da Direção do PT