Por Luís Carlos
O assentamento Normandia, em Caruaru, Pernambuco, sediou nesta terça-feira (23), o maior programa de alfabetização para áreas de Reforma Agrária, já visto. O “Pacto Pela Superação do Analfabetismo nas áreas de Reforma Agrária do Nordeste” é uma ação que conta com a parceria entre Ministério da Educação (MEC), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e os Movimentos Sociais do Campo.
Serão mais de 22 mil jovens e adultos alfabetizados em 1.500 turmas, com respectivamente 1.500 educadores e educadoras, que irão atuar como alfabetizadores/as nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Também, cerca de 300 turmas de anos finais e médio com qualificação profissional e técnica em parceria com outros órgãos como Institutos Federais, envolvendo mais de 350 municípios em nove estados da região nordeste.
O Nordeste brasileiro ainda, apresenta o maior índice de analfabetismo do país com 14,2% da população.
Paulo Henrique, da direção estadual do MST e do setor de educação do Movimento, em Pernambuco, considera as 1500 turmas um número mediano para o tamanho da demanda apresentada, porém, ele demonstra entusiasmo com a parceria. “Essa proposta não consegue esgotar e propõe um número mediano para o tamanho da demanda que temos no Nordeste. Iremos atuar em nove estados, e essa parceria será um passo importante, porque nosso objetivo principal é superar o analfabetismo, especialmente nas áreas de Reforma Agrária”, conclui.
Não é novidade para o MST entender que a educação brasileira também faz parte do latifúndio a ser rompido. Desde sua a criação a mais de 40 anos, o segundo dia de ocupação da terra, geralmente é é o momento para a criação do espaço da escola do acampamento com as Escolas Itinerantes, e a partir disso inicia-se o processo pedagógico.
Rubneuza Leandro, da direção estadual do setor de educação do MST no estado, destaca a importância da metodologia pedagógica utilizada nas áreas de Reforma Agrária, baseada no filósofo e educador, Paulo Freire e o entusiasmo com a parceria governamental.
“Entendemos que os desafios na educação tem como princípios horizontes mercadológicos, que não condizem com a realidade dos nossos camponeses/as, acampados e assentados da Reforma Agrária. Paulo Freire, é uma grande referência para nós dos Movimentos Populares. A proposta trazida por ele como base na investigação, tematização e problematização, reflete uma educação construída a partir da realidade de cada localidade, coloca os educandos como sujeitos pensantes no processo de construção da consciência de classes, e transformadores de sua própria realidade. Nosso objetivo é mudar os números do analfabetismo de forma positiva, em todo o Nordeste brasileiro”, afirma a dirigente.
O início das aulas estão previstas ainda para este nesse semestre, em todo o território nordestino.
*Editado por Maria José