Estudo aponta disparidade entre usos de moto no Brasil

No Brasil, motociclistas que utilizam o veículo para fins pessoais se envolvem em mais acidentes do que aqueles que atuam em plataformas de mobilidade.

Essa foi constatação de uma pesquisa inédita conduzida pelo Instituto Cordial, que analisou dados de janeiro de 2023 a dezembro de 2024.

O estudo comparou a taxa de sinistros em diferentes contextos de uso da motocicleta: pessoal, profissional e por meio de aplicativos de corrida.

Foram avaliados três tipos de ocorrência: sinistros leves (com escoriações e, no máximo, atendimento médico), sinistros graves (que exigiram internação) e sinistros fatais (com óbito).

A taxa de sinistralidade foi calculada a partir de três recortes: por 100 mil motocicletas, por 1 milhão de viagens e por 1 milhão de quilômetros percorridos.

Perfil típico dos usuários de motocicleta: Fonte: Instituto Cordial

Uso pessoal de motos tem índice mais alto de sinistros

Na média nacional, o uso pessoal de motocicletas apresentou taxas de sinistros superiores aos demais.

De acordo com o levantamento, motociclistas que não atuam com transporte de passageiros ou mercadorias enfrentam mais riscos no trânsito.

A frequência de acidentes graves e fatais foi significativamente maior fora dos ambientes de trabalho ou das plataformas digitais.

Para os pesquisadores, esse dado reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à segurança viária, inclusive para motociclistas que usam o veículo como meio de transporte cotidiano.

O Instituto Cordial defende que os resultados evidenciam a urgência de intervenções alinhadas à proposta de Visão Zero — conceito que considera inaceitável qualquer morte no trânsito.

Fonte: Instituto Cordial

Região Metropolitana de São Paulo concentra parte dos dados

Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), as diferenças entre o uso pessoal e o uso profissional de motocicletas se mostram ainda mais evidentes.

A taxa de sinistralidade no uso pessoal chega a ser 2,8 vezes superior à registrada entre os usuários da 99Moto, categoria analisada com destaque na pesquisa.

Quando considerados apenas sinistros graves e fatais, a diferença é de 2,3 vezes.

Além disso, a participação das corridas intermediadas por app no total de acidentes na região é pequena.

Em outubro de 2023, o índice de sinistros fatais por parte da 99Moto atingiu 6% do total mensal.

Já os sinistros graves chegaram a 4% em abril de 2024. Nos sinistros leves, a contribuição mensal da categoria não ultrapassou 2%.

Dados mostram estabilidade e predominância de acidentes leves

No recorte nacional, a maioria dos sinistros registrados por plataformas de aplicativo foi leve.

A taxa de acidentes fatais ficou abaixo de 1 a cada 1 milhão de viagens. No total, a média é de 5 sinistros por milhão.

Dentro desse total, 3 sinistros envolvem lesões graves ou mortes. O restante é composto por ocorrências leves.

Além disso, não foi identificada uma sazonalidade nos picos de sinistros fatais ou graves.

A maior variação ocorreu entre outubro de 2023 e abril de 2024, com percentuais máximos de 7% e 6%, respectivamente, sobre o total mensal de ocorrências.

Outro dado relevante está na relação entre acidentes fatais e número de motocicletas.

Enquanto a média geral brasileira é de 34 sinistros fatais para cada 100 mil motos, o índice no serviço de app ficou em 8 por 100 mil.

Fonte: Instituto Cordial

Taxa de acidentes por atendimento médico também é menor

A pesquisa também revelou uma diferença expressiva nas ocorrências que exigem atendimento médico, mas não resultam em morte.

Entre os usuários de aplicativos, a taxa foi de 518 sinistros para cada 100 mil motocicletas.

Já no uso pessoal, o número salta para 1.011 sinistros a cada 100 mil motos.

Essa comparação ajuda a reforçar o impacto das condições de operação e da estrutura de suporte sobre os índices de sinistralidade.

Fonte: Instituto Cordial

Aplicativos adotam medidas para reduzir riscos

A 99Moto, serviço de transporte por motos da plataforma 99, adota uma série de recursos voltados à segurança viária.

Segundo a empresa, são mais de 50 funcionalidades disponíveis para prevenir incidentes antes, durante e depois das corridas.

Entre os principais mecanismos estão: telemetria para monitorar direção perigosa, alerta de velocidade, checagem de dados dos usuários e veículos, além de uma central de emergência ativa 24 horas.

Para Igor Soares, diretor de Qualidade e Segurança da 99, a plataforma “não representa um fator de risco adicional, mas sim uma alternativa para promover mobilidade urbana com mais controle e tecnologia”.

Ainda de acordo com Soares, o plano da empresa é investir mais de R$ 70 milhões em 2025 em novas soluções voltadas à segurança no trânsito.

Fonte: Instituto Cordial

Desenvolvimento urbano

A pesquisa faz parte de uma colaboração entre a 99 e o Instituto Cordial, voltada ao desenvolvimento urbano baseado em dados.

O estudo se conecta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e ao conceito de Sistemas Seguros de Mobilidade.

Segundo o Instituto Cordial, o trabalho alia inteligência territorial e articulação intersetorial para qualificar decisões públicas e privadas no campo da mobilidade.

A metodologia utilizou informações do Infosiga-SP, da Pesquisa Origem-Destino (OD), da PNAD Contínua e dados operacionais da 99.

Foram avaliadas cerca de 61 milhões de viagens realizadas pela 99Moto, com ênfase nos resultados obtidos na Região Metropolitana de São Paulo.

O foco da análise foi a comparação entre diferentes perfis de uso da motocicleta para subsidiar ações que reduzam os acidentes nas cidades brasileiras.

Fonte: Instituto Cordial

Fonte: Instituto Cordial

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Last Update: 13/06/2025