A Defesa Civil confirmou que 99,9% dos incêndios registrados no estado de São Paulo nos últimos dias foram causados por ação humana. A informação foi divulgada pelo secretário Nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, em entrevista coletiva do ministério da Saúde.
“Não houve raio e também não houve acidente de torres de alta tensão que justificasse esse início dos incêndios, 99,9% é atividade humana mesmo. O ser humano por algum objetivo acha que o fogo resolve o problema dele, mas não tem ideia de que pode perder o controle”, afirmou.
A Defesa Civil de São Paulo reportou que restam poucos focos de incêndio ainda ativos no estado, graças à grande umidade proporcionada pelas chuvas que caíram no domingo e que foram suficientes para apagar a maior parte dos focos.
“Os focos que continuam, muito poucos, estão sendo combatidos no dia de hoje”, completou, ao citar o trabalho de helicópteros, de uma aeronave modelo KC-360, capaz de carregar até 12 mil litros de água por viagem, e de cerca de 500 homens do Exército brasileiro para realizar aceiro na região.
Ao menos duas pessoas morreram ao tentarem apagar um incêndio em uma usina e 66 pessoas ficaram feridas. Os incêndios que tomaram conta do interior São Paulo deixaram um rastro de destruição pela região, neste mês que é o mais incendiário da história do estado.
Rodovias precisaram ser bloqueadas, moradores deixaram suas casas e plantações foram queimadas nos últimos dias.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negou haver indícios de que a onda de incêndios que atingiu o estado de São Paulo tenha sido causada por uma ação coordenada de criminosos.
A Polícia Civil do estado disse que ainda não descartou nenhuma hipótese e que um dos principais objetivos da investigação é chegar aos responsáveis pelo fogo e descobrir se eles agiram sozinhos ou a mando de outras pessoas.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comparou os incêndios em São Paulo ao “Dia do Fogo”, de 2019.
“Tem uma situação atípica [nos incêndios em São Paulo]. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa experiência”, disse Marina. “Do mesmo jeito que tivemos o ‘Dia do Fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo.”
A pasta acionou a PF para investigar a origem das queimadas que levaram 46 municípios do interior paulista a decretar alerta máximo, fecharam dois aeroportos no Estado e contribuíram para cobrir de fumaça a capital do país.
A PF instaurou dois inquéritos policiais para apurar as causas dos incêndios ocorridos no estado.
Ao menos cinco pessoas já foram presas suspeitas de causarem as queimadas. As detenções aconteceram entre sábado e segunda nas cidades de Ribeirão Preto, Batatais, Guaraci e São José do Rio Preto.
Uma dessas detenções aconteceu nesta segunda em Batatais, a 355 km da capital. O homem de 27 anos foi preso por policiais militares após colocar fogo em um pasto e teria admitido aos policiais que integra a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Somente nos últimos dias, as chamas destruíram aproximadamente 60 mil hectares de lavouras, gerando um prejuízo estimado em R$ 350 milhões para os agricultores.
O estado de São Paulo registrou 3.480 pontos de incêndio no mês, um recorde para o estado desde que os dados começaram a ser medidos, há quase três décadas.