Da Página do MST
Com a permanente ameaça de pistoleiros e políticos de Joaquim Gomes, na Zona da Mata de Alagoas, o acampamento Feliz Deserto chega aos seus 20 anos de resistência em um marco de luta pela produção de alimentos saudáveis e defesa da natureza.
Resultado da ocupação do MST em 2004 de uma área de terras que pertenciam a Agro Industrial Serra Ltda (AGRISA), que abriu falência nos anos 2000, o acampamento hoje vive uma situação de conflito por fazendeiros que alegam ter comprado a área e ameaçam tirar os camponeses “na bala”.
Conheça algumas curiosidades do acampamento e sua história de luta e resistência:
Produção de Alimentos Saudáveis
Parte fundamental da organização e luta dos camponeses e camponesas, o acampamento Feliz Deserto é destaque na produção de macaxeira, batata doce, banana, manga, coco, laranja e limão principalmente. Parte dessa produção é comercializada nas feiras locais do município, bem como para as iniciativas de solidariedade do MST na região.
A produção de alimentos sem veneno é pilar na construção das comunidades de resistência do MST, reafirmando o papel e a luta pela terra dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Casa de Farinha
Logo no centro do espaço coletivo do acampamento, a Casa de Farinha Rústica é a responsável pela produção dos derivados da macaxeira. Sempre produzido a partir do trabalho coletivo, a Casa de Farinha recebe a macaxeira dos acampados e acampadas e coletivamente todos fazem o mutirão de trabalho no espaço.
A farinha hoje é um dos principais produtos comercializados pelos camponeses na região.
Viveiro de Mudas
Com a capacidade de produzir 3800 mudas de plantas nativas e frutíferas, o acampamento Feliz Deserto organiza o Viveiro de Mudas que fortalece o debate e diálogo das famílias sobre a preservação dos bens da natureza.
Também organizado de maneira coletiva, as mudas produzidas são utilizadas nas ações de reflorestamento da região, bem como para a comercialização.
A iniciativa integra o “Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, do MST, que tem objetivo de plantar 100 milhões de árvores em todos os biomas brasileiros no período de 10 anos.
Resistência aos Despejos
Já são 8 tentativas de despejo que o acampamento resiste nessas últimas décadas. A área marcada pelo conflito tem em seu histórico o caminho da organização e resistência coletiva na defesa do território.
Apesar das novas ameaças com pistoleiros coagindo as famílias, o acampamento segue em resistência.
Mudança de Vida
O que antes era cana-de-açúcar e trabalho na usina, hoje dá palco para a organização e reprodução da vida com pilares de dignidade. A área que antes era cenário da monocultura da cana, sem gente, com utilização de veneno e trabalho sem direitos; hoje é conduzida pela coletividade, com fartura na mesa e organização popular, possibilitando a mudança de vida de muitos camponeses e camponesas que antes trabalhavam na cana.
Acampamento Feliz Deserto Resiste
Com o objetivo de ampliar as iniciativas de solidariedade e apoio ao acampamento, o MST lançou a campanha #FelizDesertoResiste, com a possibilidade de compartilhar a história e a vida no acampamento, bem como potencializar os canais de denúncia sobre a situação que vive as famílias em Joaquim Gomes.
Fortaleça e acompanhe a agenda da campanha a partir das redes sociais do MST.
*Editado por Fernanda Alcântara