Fachada do prédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Integrantes da chamada “Abin Paralela” utilizaram um grupo de mensagens intitulado “BICHONA” para discutir ações clandestinas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação consta no relatório da Polícia Federal (PF), que se tornou público na quarta-feira (18), após o Supremo Tribunal Federal (STF) retirar o sigilo dos autos da investigação.

De acordo com a PF, o grupo de mensagens era usado para organizar estratégias de espionagem e ataques direcionados à própria direção da corporação. Um dos participantes do chat era Alessandro Moretti, ex-número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que foi indiciado no caso.

O relatório aponta que Jair Bolsonaro era o principal destinatário das ações promovidas pela estrutura clandestina dentro da Abin. Apesar disso, o ex-presidente não foi indiciado.

A investigação, iniciada em 2023, apura o uso político da Abin durante o governo Bolsonaro. Segundo a PF, o objetivo do grupo era monitorar opositores e adversários políticos utilizando o software israelense First Mile, que operava sem controle judicial.

Quem é Alessandro Moretti, número 2 da Abin demitido por interferência em investigação sobre espionagem
Alessandro Moretti, ex-número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que foi indiciado no caso. Foto: Reprodução

Flávio Dino

Um dos episódios destacados no relatório da PF envolve a espionagem de um fotógrafo associado à campanha de Flávio Dino (PSB-MA), então candidato ao Senado. O fato teria ocorrido durante o segundo turno das eleições de 2022.

No dia 19 de outubro daquele ano, o servidor Marcelo Bormevet, ligado ao grupo clandestino, pediu ao colega Giancarlo Gomes Rodrigues informações sobre Leonardo Cunha de Oliveira, fotógrafo vinculado à equipe de Dino.

A mensagem indicava pressa e motivação política: “chegou uma info importante pro PR”, escreveu Bormevet, em referência ao então presidente Bolsonaro.

A investigação aponta que Bormevet mencionou que o alvo da espionagem estava em Brasília, no “gabinete do ódio de Nine”, uma expressão usada por apoiadores de Bolsonaro para se referir aos adversários políticos, neste caso, ao entorno do presidente Lula (PT), apelidado de “Nine”.

A PF considera que esse episódio é uma evidência do uso indevido da estrutura da Abin para fins políticos e eleitorais durante o antigo governo.

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Last Update: 19/06/2025