O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Foto: Reprodução

O indiciamento de Carlos Bolsonaro pela Polícia Federal, acusado de envolvimento no esquema da “Abin paralela”, é a vingança de Gustavo Bebianno.

Em 2020, pouco antes de morrer, o ex-ministro denunciou em entrevista que o vereador havia arquitetado a criação de um sistema clandestino de espionagem, com conhecimento do pai, Jair Bolsonaro.

Bebianno disse que o plano foi apresentado com nomes de delegados e agentes federais, e que tentou, junto ao general Santos Cruz, convencer o presidente a barrar a ideia. Foi ignorado. Pouco tempo depois, os dois foram demitidos.

Bebianno, lutador de artes marciais e com físico de estivador, teve um infarto fulminante.

A operação da PF atinge em cheio o núcleo familiar e político de Bolsonaro. Carlos foi apontado como idealizador da espionagem ilegal, enquanto Ramagem, homem de confiança da família, executava a estratégia com o uso do software “First Mile” para rastrear autoridades, ministros do STF e jornalistas.

A estrutura clandestina operava nos porões da Abin, orientada por interesses pessoais do ex-presidente e seus filhos, segundo os investigadores.

Bebianno, que rompeu com Bolsonaro ainda no primeiro ano de governo, alertava para a paranoia instalada no entorno familiar: “eles não confiam em ninguém”. Foi Carlos, disse ele, quem articulou sua demissão. Agora, o mesmo filho enfrenta as consequências do plano que tentou colocar em prática com apoio do pai.

A lembrança de Bebianno paira sobre os acontecimentos como o fantasma de Banquo em Macbeth. O personagem de Shakespeare, após trair e matar, é atormentado pelas vítimas. “O sangue está gasto, mas é melhor estar com aquele que matamos do que viver com os tormentos da dúvida”, diz Macbeth. A dúvida acabou. O castelo começa a ruir.

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Last Update: 17/06/2025