O vereador Carlos Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro, e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Nelson Almeida/AFP

A Polícia Federal identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL), receberam informações ilegais da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela, estrutura operada durante a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem. Segundo a corporação, o objetivo era favorecer o então presidente na disseminação de fake news e ações contra as urnas eletrônicas.

O relatório final da investigação, obtido pela coluna de Aguirre Talento no UOL, resultou no indiciamento de 37 pessoas e apontou que pai e filho integravam o núcleo político da organização. “A investigação identificou o ex-Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, e seu filho o Vereador Carlos Nantes Bolsonaro, como integrantes deste núcleo”, diz o documento.

Esse grupo, conforme a PF, era responsável por traçar as “diretrizes estratégicas” do uso ilegal da estrutura de inteligência estatal. O material gerado pela equipe de Ramagem visava “abastecer o núcleo político da Abin paralela”.

A investigação ainda diz que “as campanhas de desinformação direcionadas contra o sistema eleitoral foram produzidas com recursos humanos, técnicos e financeiros da Abin”. “A ‘live’ realizada por Jair Bolsonaro em que consta informações de inquérito da Polícia Federal obtido sob a justificativa de ser utilizado em comissão do parlamento federal foi fruto de ação iniciada na Abin”, prossegue.

Alexandre Ramagem (PL) em campanha ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do vereador Carlos Bolsonaro (PL) em 2022. Foto: Reprodução

Além das ações voltadas ao sistema eleitoral, a PF afirma que a estrutura da agência foi mobilizada para interferir em investigações que envolviam os filhos do ex-presidente, incluindo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), acusado de operar um esquema de rachadinhas. Os investigadores apontam que a rede de espionagem foi usada para obter e manipular informações sobre processos judiciais.

Parte dos documentos obtidos ilegalmente também passou por uma assessora de Carlos Bolsonaro. A PF aponta o vereador como comandante da estrutura de divulgação de informações falsas e, por isso, também foi indiciado por integrar organização criminosa.

Após o indiciamento, Carlos se revoltou nas redes sociais e acusou o presidente Lula de usar a corporação para persegui-lo. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, escreveu no X. O ex-presidente, que também foi indiciado, não se manifestou.

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Last Update: 17/06/2025