O vereador Carlos Bolsonaro e seu pai, Jair Bolsonaro, durante debate da TV Globo em 2022. Foto: AFP

O relatório final da Polícia Federal sobre a estrutura clandestina instalada na Agência Brasileira de Inteligência, a “Abin paralela”, afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), integravam o núcleo estratégico da organização criminosa responsável por ações ilegais de espionagem. O documento foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a PF, esse grupo era composto por “figuras de alto escalão do governo à época”, incluindo Bolsonaro e seu filho, que “atuavam como centro decisório e principais beneficiários das vantagens ilícitas” obtidas com as operações clandestinas. A corporação afirma que o núcleo definia os alvos das ações de espionagem e traçava diretrizes estratégicas da organização.

A estrutura operava de forma paralela à Abin oficial e era usada para fins políticos. Os investigadores apontam que esse núcleo “foi o responsável por definir as diretrizes estratégicas da ORCRIM, determinar os alvos das ações clandestinas (opositores, instituições, sistema eleitoral) e se beneficiar politicamente das operações” para favorecer Bolsonaro e aliados.

A PF detalha que o esquema incluía o uso indevido de tecnologia de rastreamento, com foco em adversários políticos e autoridades públicas. Em alguns casos, segundo a corporação, informações sigilosas obtidas ilegalmente eram utilizadas para embasar discursos públicos do ex-presidente.

Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem (ex-chefe da Abin) e Carlos Bolsonaro. Foto: Reprodução

Carlos Bolsonaro também foi indiciado por comandar a estrutura de divulgação de desinformação com base em dados colhidos de maneira ilegal. Segundo o relatório, ele estava diretamente envolvido na seleção de alvos e na articulação de ataques coordenados nas redes sociais.

Os indiciamentos foram fundamentados em mensagens, documentos e depoimentos colhidos ao longo das investigações, que também revelaram tentativas de obstrução e destruição de provas por parte de alguns integrantes da estrutura.

Além de Bolsonaro e Carlos, outras 35 pessoas foram indiciadas pela “Abin paralela”. Veja a lista:

  1. Alexandre Ramagem
  2. Luciana De Almeida
  3. Felipe Arlotta Freitas
  4. Henrique César Prado Zordan
  5. Alexandre Ramalho Dias Ferreira
  6. Luiz Felipe Barros Felix
  7. Carlos Magno De Deus Rodrigues
  8. Marcelo Araújo Bormevet
  9. Giancarlo Gomes Rodrigues
  10. Frank Marcio De Oliveira
  11. Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho
  12. Paulo Maurício Fortunato Pinto
  13. Erinton Lincoln Torres Pompeu
  14. Paulo Magno De Melo Rodrigues Alves
  15. Marcelo Furtado
  16. Luiz Gustavo Da Silva Mota
  17. Alexandre De Oliveira Pasiani
  18. José Matheus Salles Barros
  19. Mateus De Carvalho Sposito
  20. Richards Dyer Pozzer
  21. Daniel Ribeiro Lemos
  22. Rogerio Beraldo De Almeida
  23. Alan Oleskoviz
  24. Ricardo Wright Minussi
  25. Rodrigo Augusto De Carvalho Costa
  26. Lucio De Andrade Vaz Parente
  27. Alexandre Do Nascimento Cantalice
  28. Victor Felismono Carneiro
  29. Bruno De Aguiar Faria
  30. Eduardo Arthur Izycki
  31. Rodrigo Colli
  32. Luiz Fernando Correa
  33. Alessandro Moretti
  34. Luiz Carlos Nobrega Nelson
  35. José Fernando Moraes Chuy

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Last Update: 18/06/2025