O relatório da Polícia Federal revela que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para espionar adversários políticos do governo de Jair Bolsonaro.

Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, coordenava ações de espionagem ilegal com um grupo político sob as ordens do presidente Bolsonaro e possivelmente com a participação de Carlos Bolsonaro e outros membros da família Bolsonaro.

O objetivo era encontrar brechas para chantagear e intimidar adversários políticos.

Trecho do relatório da PF:

(…) BORMEVET: “Precisamos achar podres”;
BORMEVET: “Matérias normais eu já tenho”;
GIANCARLO: “Vamos sequestrar isso sim. E achando podres vamos extorquir”.

Dois agentes à serviço da Abin se destacam:

Marcelo Araújo Bormevet era um policial federal que exercia a função oficial de “Coordenador Geral da Área de Pesquisa para Credenciamento e Integridade Corporativa” e posteriormente exerceu função na Presidência da República. Bormevet estava envolvido em ações clandestinas e tinha pleno conhecimento e domínio do uso do sistema First Mile.

Giancarlo Gomes Rodrigues era um militar que colaborava com Marcelo Araújo Bormevet em ações delituosas. Giancarlo estava diretamente envolvido nas operações clandestinas conduzidas pela estrutura paralela dentro da Abin, fornecendo informações sobre os alvos das operações e executando ações para “caçar podres” de figuras políticas e públicas.

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Segundo o relatório, as ações clandestinas foram direcionadas contra várias figuras políticas e públicas, incluindo o deputado federal Arthur Lira e a jornalista Monica Bergamo.

Sobre Arthur Lira, o relatório revela que o militar Giancarlo informou a Marcelo Araújo Bormevet que a ação para “caçar podres” já teria sido realizada contra o deputado e tambem contra o “pessoal do Renan”, possivelmente referindo-se ao senador Renan Calheiros.

Em resposta a uma determinação de Bormevet para “levantar tudo” sobre o “Pessoal de Gabinete” de Renan, Giancarlo respondeu: “O foda é achar. Foi igual ao que fiz do Lira”.

No caso de Monica Bergamo, o relatório indica que havia uma tentativa criminosa de associar Adélio Bispo, o autor do atentado contra Bolsonaro, a opositores do então governo, incluindo a jornalista.

Giancarlo informou a Bormevet sobre a obtenção de informações através do perfil “@volg_do_rui”. Giancarlo afirmou estar “colhendo frutos da minha nova amizade por causa do material enviado.”

A Procuradoria-Geral da República destacou que “o somatório dos elementos informativos colhidos até o momento permitiu a identificação de inúmeras outras ações clandestinas que contaram com a participação de ao menos um dos dois agentes (Giancarlo e Bormevet) ou de ambos, em completo desvio da finalidade institucional da Abin.”

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Última Atualização: 11/07/2024