A vida acontecia na caixa de comentários, por mcn

Comentário no post: “Beatriz contra o dragão da revista Veja, por Luís Nassif”

por mcn

Esse post me despertou lembranças de coisas muito tristes e muito belas que passamos aqui.

Quem acha que o esquema (algoritmos + bots) do Elon Musk é coisa demoníaca é pq não viveu o experimento proto-nazista capitaneado pelos editores da Revista Veja nos anos 90.

Na época, havia cancelado assinaturas dos 3 principais veículos impressos em SP – Folha, Estado e Veja – em protesto contra a qualidade editorial sofrível, e buscava alternativas.

Um dia caí via Google num post horroroso e visceral de Reinaldo Azevedo, figura que ainda não conhecia, e que criticava o Nassif com extrema violência. O artigo terminava com um rasgo ridículo de honestidade, do tipo: “é madrugada, não consigo dormir pq estou me remoendo de inveja do Nassif”. Nunca mais achei o artigo. Ele deve ter apagado…

Por conta desse artigo, conheci o blog e fiquei. Acompanhei de perto as lutas de Nassif e família contra os dragões da maldade, a turma do chapéu invadindo as caixas de comentários como enxame de abelhas. Todo esse clima do mal, gestado pela Veja nos anos 90, culminou na latrina fedorenta que foi a campanha de Serra a presidente, em 2010, que, na minha opinião, foi mais suja que a de Bolsonaro em 2018.

Era o começo da era dos blogs de jornalismo e que antecedeu a grande migração para as redes sociais. A vida acontecia na caixa de comentários.

A partir do Nassif descobri blogs ótimos, como o DCM, Vi o Mundo, Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim, Blog do Miro, Cloaca News (cujo autor, já falecido, Lula chamava de Seu Cloaquinha), Observatório da Imprensa, Edu Guimarães e tantos outros.

O do Nassif, contudo, tinha 2 diferenciais. Primeiro, o volume de postagens em ritmo industrial. E, segundo, a valorização da produção dos comentaristas, subindo na home comentários relevantes que pudessem enriquecer determinadas discussões.

Com isso, pudemos conhecer o pensamento de analistas excelentes, como o querido Stanley Burburinho (nosso Dom Sebastião), André Araújo, Maria Frô, Laura Macedo, Fernando Horta, Luciano Hortêncio e dezenas de outros queridos e queridas.

A série “As novas armas da Rússia”, de 2018, por ocasião da posse de Putin, reunindo 5 artigos publicados com curadoria saudoso Alok, especialista de em geopolítica, mudaram complemente minha visão a respeito do tema. Esses artigos abriram janelas que exploro até hoje, acompanhando o trabalho de outros excelentes analistas que pensam “fora da caixinha” ridícula, medíocre e irrelevante de Veja, Folha, Estado e Globo.

Só tenho a agradecer. O blog do Nassif nos anos 90, não só foi minha escola, mas ajudou a enterrar de vez a mídia impressa corporativa no Brasil, cuja sobrevida é um grande mistério.

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