Nos dias que seguiram à queda do governo nacionalista de Bashar al-Assad, em 8 de dezembro de 2024, como resultado de um golpe de Estado organizado pelo sionismo e pelo imperialismo, o presídio de Sednaia tornou-se o foco de muito debate, com relatos sobre supostas atrocidades cometidas pelo regime na prisão.
No dia seguinte à tomada de Sednaia, William Christou, do jornal britânico The Guardian, afirmou ter encontrado um “complexo subterrâneo vasto, com cinco andares”, supostamente contendo 1.500 prisioneiros. A descrição rapidamente mobilizou centenas de famílias sírias a percorrerem os 30 km de Damasco até a prisão, em busca de parentes desaparecidos. No entanto, investigações in loco do portal The Cradle mostraram que Sednaia possui apenas um nível subterrâneo com celas individuais e pequenos banheiros.
Essa diferença escancarou a campanha de mentiras promovida pelos órgãos sionistas e imperialistas, que vêm compartilhando vídeos falsos nas redes sociais. Mais que isso: Clarissa Ward, da emissora norte-americana CNN, chegou a simular a descoberta de um prisioneiro em Damasco.
Muitos relatos sobre Sednaia baseiam-se no relatório de 2017 da Anistia Internacional, que descreveu o local como um “matadouro humano”, onde até 13.000 pessoas teriam sido enforcadas secretamente em quatro anos. Contudo, o relatório baseou-se em testemunhos de supostos ex-prisioneiros e guardas na Turquia, país que participou da conspiração contra o regime de Assad.
Outra fonte mais que suspeita é o Departamento de Estado dos EUA, que reforçou o relatório, alegando que um crematório fora instalado na prisão para eliminar os corpos – mas nenhum crematório foi encontrado após a abertura de Sednaia.
Dados obtidos pela Associação de Detentos e Desaparecidos da Prisão de Sednaia (ADMSP) indicam que, até 28 de novembro de 2024, havia 4.300 prisioneiros, classificados entre cortes militares, de “terrorismo” e judiciais. Esses números sugerem que o local detinha militantes da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, além de criminosos comuns, e não apenas civis, como alegado por alguns relatórios.
Outro ponto contestado por The Cradle é a credibilidade dos testemunhos usados para justificar sanções econômicas contra a Síria. Omar al-Shogre, uma figura recorrente nesses relatos, fez declarações amplamente desmentidas pelo portal. Por exemplo, Shogre alegou que prisioneiros eram forçados a estuprar uns aos outros a caminho do banheiro – algo impossível, visto que cada cela possui banheiro privativo. Shogre também afirmou ter testemunhado 80.000 mortes em Sednaia e “mais de 2.000 horas de tortura”, apesar de números oficiais contradizerem essas afirmações. Shogre trabalha para o Syrian Emergency Task Force (SETF), organização financiada pelos EUA e conhecida por apoiar campanhas de desestabilização contra o governo de Assad.
As sanções baseadas nessas acusações, como as Sanções César, impactaram profundamente a economia síria, levando a um agravamento da crise humanitária. Embora as fotografias associadas a essas sanções mostrem vítimas reais, analistas como Rick Sterling apontaram que as imagens incluem corpos de soldados sírios e civis mortos por ataques opositores, não apenas vítimas de tortura estatal.
A revelação das falsificações, somada às descobertas limitadas no local, questiona a validade de muitas acusações contra o governo de Assad. No final das contas, apenas reforça que, longe de uma “revolução”, a sua queda foi o resultado de uma operação externa, comandada pelos Estados Unidos. Uma operação que culminou na ofensiva de mercenários em dezembro de 2024, mas que já vinha sendo implementada há 13 anos por meio de sanções criminosas que se baseavam em mentiras, como as contadas sobre Sednaia.