Após os avanços da direita internacional que conseguiu a derrubada do governo de Nicolás Maduro na Venezuela, todos os países que se opõem ao criminoso imperialismo norte-americano e europeu passaram a ser ameaçados de invasões de terroristas das mais variadas espécies. O Iraque se tornou de repente a bola da vez, com a possibilidade de multidões de jihadistas invadirem o país a partir da própria Venezuela.
Na Venezuela, à medida que a data da posse do Presidente Maduro se aproxima, as ameaças vêm de todos os lados. O torturador e assassino Edmundo González Urrutia quando membro da embaixada da Venezuela em El Salvador, já anunciou que chegará na Venezuela no dia 10 para tomar posse da Presidência. Ele foi reconhecido pelos países imperialistas como presidente eleito da Venezuela, uma ficção ainda maior que o autodesignado Juan Guaidó em 2019.
Em resposta a estas ameaças, Maduro fez um discurso em 17 de dezembro, data de nascimento de Simón Bolívar, em que mostrou que o país está pronto para resistir a qualquer tentativa de golpe ou invasão: “Neste dia maravilhoso e impressionante, lembrando a vida imortal do Libertador, devemos dizer que a chave para tornar a paz irreversível e nossa soberania, é capacitar e organizar as pessoas a cada dia mais e mais. Estamos no caminho das grandes transformações do país, irmãos e irmãs, patriotas da Venezuela, devemos empoderar as comunidades, a classe trabalhadora, camponeses, os pescadores e todos os bairros e urbanismos.”
Este discurso tem um significado especial, porque após as eleições e a tentativa da direita de dar um golpe violento, o governo retomou o fortalecimento do poder popular chamado de poder comunal que é uma estrutura de poder paralelo ao Estado burguês, fundamentado nas estruturas territoriais de bairros e regiões e que conta com o armamento e treinamento militar do povo venezuelano. Essa é a ameaça que amedronta os imperialistas, pois foram estas estruturas que possibilitaram o fracasso das várias tentativas de invasões e golpes de Estado ocorridas anteriormente.
Outra parte do discurso de Maduro mostra que ele está consciente da necessidade de reforçar esta alternativa de poder popular. “Não vamos perder um segundo, é um processo que será imposto pela classe trabalhadora através de uma sociedade humanizada e socialista do século XXI. O Poderoso Bloco Histórico de uma sociedade pacífica, mas armada e pronta para defender a Pátria contra qualquer ameaça, perseguição ou agressão, devemos estar preparados para garantir a paz e empoderar o povo.” Além disso, lembrou que “o velho conceito de democracia liberal, elitista e burguesa não voltará porque aqui na Venezuela a democracia é do povo com o povo e para o povo”, declarou o Presidente.
Pressão Máxima
Donald Trump ameaça aplicar a “pressão máxima” sobre a Venezuela. Para Trump, o regime de Nicolás Maduro estará no centro das atenções da sua política externa para a América Latina e que a meta será a construção de uma coalizão regional contra Caracas. O que os EUA querem é garantir que o abastecimento de petróleo não dependa mais do Oriente Médio. Ele acha que a estratégia adotada por Joe Biden de negociações e que resultou no acordo de Barbados, que previa a realização de eleições livres e a retirada de parte das mais de 900 sanções impostas pelos EUA contra Maduro, fracassou.
A equipe de Trump avisa que não descartará a negociação, mas acompanhada por pressão máxima e criação de uma coalizão regional em que o Brasil será peça chave. Eles alegam que a ideia de um conflito armado com participação dos EUA não seria a prioridade. Mas a citação da opção indica que ela poderá ser usada com a coalizão regional se encarregando das operações militares.
A consultora Kiron Skinner teve a incumbência de apresentar a proposta de política externa do projeto 2025 de Trump. Para ela, “a liderança comunista (da Venezuela) se aproximou de alguns dos maiores inimigos internacionais dos Estados Unidos, incluindo a China e o Irã”. Ela propõe que “para conter o comunismo venezuelano e ajudar os parceiros internacionais, o próximo governo (americano) deve tomar medidas importantes para alertar os abusadores comunistas da Venezuela e, ao mesmo tempo, fazer progressos para ajudar o povo venezuelano”.
A posse de Maduro está garantida
Em 10 de janeiro de 2025, Maduro deve ser empossado presidente da República para o período 2025-2031, de acordo com a decisão da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), ratificada pelo Superior Tribunal de Justiça (TSJ) e pelo Poder Moral. A aprovação pela Assembleia Nacional é garantida, pois o PSUV é a força majoritária.
A realidade é que o governo Maduro possui controle político efetivo, pois o governo e as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas controlam todo o território venezuelano. Não há bases ou enclaves onde o imperialismo possa se infiltrar para concentrar tropas, como fizeram na Síria.
O Brasil e a Colômbia, com os governos de Gustavo Petro e Lula da Silva, nunca estarão dispostos a envolver suas forças armadas em uma invasão para e golpe de Estado. O perigo está na Guiana, mas a logística de uma invasão a partir deste país seria muito complicada.
O maior perigo é o estado de Zulia, que está conectado ao Mar do Caribe e pode ser uma cabeça de ponte para a invasão de forças estrangeiras. Mas este fato tornou o governo ativo na região para impedir qualquer movimentação deste tipo.
O povo venezuelano não quer uma “mudança de regime”
A população, mesmo os eleitores de Maria Corina, já virou a página. Com rancor ou alegremente, já é aceito que Maduro continuará governando por mais seis anos. Uma pesquisa da agência Hinterlaces em setembro de 2024 mostrou que 72% dos entrevistados indicaram que “concordam” com a afirmação de que “devemos fechar a etapa eleitoral e que os venezuelanos trabalhem juntos para levar o país adiante”. Apenas 26% discordaram, enquanto 2% não responderam.
Um novo país
A economia venezuelana começou a se recuperar e reduzir a inflação no segundo trimestre de 2021 e, desde então, não parou de crescer. Fechará 2024 com um crescimento de 8,5% do PIB, e com a menor inflação das últimas duas décadas. Esse crescimento favoreceu mais os grupos empresariais e estatais do que a população como um todo, mas houve um transbordamento que melhorou as condições de vida de todas as famí