Volto ao assunto, dada a relevância do mesmo. A privatização da Sabesp é escandalosa, ultrajante e eleitoreira.
Serviços essenciais precisam de salvaguardas robustas para garantir a saúde pública e bem-estar da população. Não se trata apenas da questão tarifária, mas sim de garantias de acesso a água, vida, saúde e desenvolvimento econômico.
Experiências desastrosas na privatização do saneamento em cidades como Berlim, Paris e Buenos Aires – em todos os casos reestatizados – deveriam ter servido de alerta e modelo do que não deve ter sido feito.
Ao contrário, o processo da privatização da Sabesp teve um caráter maquiavélico, em um espírito de que os fins justificassem os meios. Afinal, tudo que importava ao governador Tarcísio era colocar em seu currículo o “êxito” na privatização, pensando em sua campanha política de 2026. Isso era mais importante do que o bem-estar da população e os cofres públicos.
Mas a história fica pior. O processo de privatização foi todo moldado para afastar todos os potenciais proponentes, com exceção de um: a Equatorial. Nenhum outro grupo nacional ou estrangeiro, seja estratégico ou financeiro, fez proposta pela segunda maior empresa de água do mundo – apenas a Equatorial, o que lhe valeu comprar a joia da coroa a um valor abaixo do justo.
A Equatorial tem uma experiência minúscula em saneamento: há apenas dois anos operando uma concessão de tamanho irrisório. Isso a gabarita para salvaguardar o bem-estar social em uma operação gigantesca do que é mais importante para a vida humana?
Inacreditavelmente a história consegue piorar. No processo esdrúxulo escolhido para a venda da Sabesp, foram formados dois livros: um para a Equatorial e outra para a Faria Lima, que pode comprar ações com enorme desconto: R$ 2,5 bi saíram dos cofres públicos para beneficiar diretamente os fundos escolhidos a dedo por Tarcísio e o BTG. No país forjado na cultura do privilégio, não podia faltar o benefício aos amigos do rei
Ao final, Tarcísio sai com capital político, a Equatorial com a Sabesp, a Faria Lima com [o prêmio] de R$ 2,5 bilhões. Quem pagou a conta você já sabe!
*Fundador e CIO – fama re.capital, investidor, ambientalista e ativista, comprometido em causar impacto positivo no mundo através de investimentos sustentáveis.