Como tradicionalmente ocorre todos os sábados, às 13h, ontem (8) foi ao ar a Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO). O programa é transmitido pelo canal da Causa Operária TV (COTV) no YouTube e é um dos principais conteúdos de análise e formação política do país.
Em seu quadro fixo sobre o problema das liberdades democráticas, Pimenta começou falando sobre a decisão de cassar o mandato da deputada bolsonarista Carla Zambelli.
“Já não existe, no Brasil, campanha eleitoral democrática. É uma campanha eleitoral que está sob a vigilância da censura. A Carla Zambelli teve quase 1 milhão de votos, aí vem um colegiado de juízes e anula esse 1 milhão de votos. O voto do cidadão não tem valor nenhum. Quem é o grande eleitor são os juízes.”
A deputada está sendo cassada por coisas que disse sobre as urnas eletrônicas durante a campanha eleitoral. O presidente do PCO destacou esse problema em especial, porque os candidatos deveriam ter o direito assegurado de criticar as instituições, afinal estão se colocando para a população como pessoas para atuar em um regime político desprezado pelo povo. Dessa forma, ele sublinhou o problema da liberdade de expressão.
“No final das contas, o que acontece é o seguinte: você não pode falar nada. Tudo é perigoso falar. Você não pode falar de urnas, de eleição, de raças, de transexuais, senão você vai ser cassado. Não pode falar do caráter criminoso do sionismo em Gaza, não pode falar nada. Tudo isso foi feito com o apoio da esquerda. Inclusive a campanha anti-corrupção, que levou a prisão do Lula.”
Ainda no mesmo tema, Pimenta comentou o caso Monark, que, assim como foi condenado, foi supostamente absolvido. Tudo nesse caso, como em vários outros liderados por Alexandre de Moraes, ocorre de maneira secreta e sem nenhum sentido jurídico.
“O Alexandre de Moraes decidiu liberar as redes sociais do Monark. O que é interesse nesse processo é que ninguém sabe qual é o problema. Ninguém sabe porque ele foi cassado e ninguém sabe também porque ele foi liberado. Esse processo de perseguição se dá na mais completa arbitrariedade. Esse inquérito é uma caixa preta. O juiz toma decisão a favor ou contra e ninguém sabe o porquê. É mais ou menos parecido com o livro ‘O Processo’, que foi escrito pelo Franz Kafka. O cara é chamado no tribunal e ele nunca fica sabendo porque está sendo chamado.”
Rui Pimenta também discutiu o problema da relação do governo do presidente Lula e seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT) com a política de censura. Lula defendeu a regulamentação da internet, o que Pimenta criticou decididamente e relacionou essa postura ao fato do PT ter a ilusão de ser algo no Brasil, como é o Partido Democrata nos EUA.
“Ele falou: ‘se os grandes órgãos de imprensa podem ser responsabilizados, por que não a internet?’ A questão não é essa, ele tá propondo uma lei especial para a internet. E os órgãos de imprensa não são responsabilizados. Eles mentem a vontade, falsificam, caluniam, e não acontece nada. Agora, se um cidadão, nós, por exemplo, vai na internet e fala que ‘israel’ tortura os presos palestinos, pode ser sancionado.”
O presidente do PCO também comentou o fato de que a direita no Congresso Nacional está querendo acabar com a lei da ficha limpa. Ele explicou que essa é uma lei ditatorial e arbitrária e que a esquerda não pode ficar contra apenas porque a direita está a favor.
“Deveria ser extinta essa lei. É uma lei anti-democrática. Nós falamos contra essa lei aí desde sempre. Nós falamos o seguinte: quem tem que decidir se o candidato é bom ou não, é o povo. Não tem que ter uma seleção de candidatos para o povo.”
Pimenta também deu um exemplo importante, sobre a luta pela independência da Irlanda do Norte contra o colonialismo britânico.
“Há um caso famoso, do IRA. Um grupo foi preso porque estava numa luta armada contra os ingleses. Estavam fazendo uma greve de fome e lançaram o líder do pessoal que tava preso e ele foi eleito. É um direito democrático importante.”
No principal tema da semana, que foi a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de fechar a USaid, Rui Pimenta começou travando uma polêmica com os setores da esquerda que ficaram contra a medida. Mais uma vez, ele explicou que as coisas precisam ser analisadas pelo que são e não se pode se opor a essa política apenas porque está sendo levada adiante pelo governo Trump, de extrema-direita.
Em resposta a uma postagem no X (ex-Twitter) feita por Ivan Valente, deputado e dirigente do PSOL, em que ele defendia a USaid dizendo que ela gastou 72 bilhões de dólares em ajuda humanitária, Pimenta disse o seguinte:
“Se fosse verdade, a gente teria que considerar o seguinte: o imperialismo causa a destruição do mundo na escala de 10 mil vezes mais do que 72 bilhões. E aí eles dariam, se fosse verdade, uma esmola para as pessoas cujas vidas foram destruídas por ele. O imperialismo rouba, invade os países, bombardeia. Ele cria as piores crises humanitárias que existem no mundo e depois eles vão e distribuem uma sopinha pro cidadão que não tem mais o que comer porque o país dele foi destruído.”
No entanto, Pimenta destaca que a ajuda humanitária dessa organização é uma farsa. O próprio Ivan Valente sabe que a USaid foi um dos grandes protagonistas do golpe de estado de 1964 e de todo o período de ditadura militar no Brasil.
“Esse negócio da ajuda humanitária da USaid é, evidentemente, uma fachada. Esse dinheiro é usado pra criar movimentos oposicionistas artificiais. Corromper militares golpistas, corromper deputados, corromper a imprensa. O ideal aqui seria expor a ação dessa USaid internacionalmente. Ia aparecer uma lista de crimes políticos e crimes em geral.
Acabar com a USaid é uma coisa maravilhosa. Eu não sei o que o Trump vai fazer, mas sem essa ferramenta, a política do imperialismo fica muito comprometida. Isso é uma peça chave da dominação imperialista mundial.”
Sobre a Palestina, Pimenta reforçou com mais dados o argumento de seu Partido, o PCO, de que o cessar-fogo foi uma impressionante vitória militar e política do Hamas e da resistência armada palestina em geral.
“O governo israelense publicou uma nota falando o seguinte: 5 mil e tantas famílias enlutadas. Eles estão dando um número para as baixas israelenses que eles nunca tinham dado antes. Sempre tava na casa dos 800 soldados mortos. Agora eles reconheceram, e possivelmente esse número também não seja correto, que são quase 6 mil soldados mortos. E que o número de feridos chega na casa dos 20 mil. Uma boa parte desses aí, incapacitados de maneira permanente.
Esses números mostram porque o exército israelense saiu de Gaza. 25 mil pessoas (entre mortos e feridos). Isso reconhecido pelo governo de ‘Israel’, que normalmente tem uma dificuldade extrema de falar a verdade.”
Em relação a questão nacional, Pimenta fez duras críticas a política econômica do governo Lula, que após 2 anos não conseguiu reverter minimamente os efeitos da situação criada a partir do golpe de Estado de 2016.
“O principal problema é que o PT não vai enfrentar o problema da dívida pública. Não vai nem tentar uma medida administrativa para enfrentar o problema. Botaram o tal Galípolo e ele vai elevar a taxa de juros.”
O presidente do PCO achou por bem explicar melhor o problema dos juros, para além da análise política geral.
“Se você eleva a taxa de juros, 15%, isso tende a provocar uma recessão. No mínimo, vai diminuir a velocidade com que a economia se movimenta. É uma política de esfriamento da economia. Vai ter menos atividade econômica. Porque os juros estão muito altos, o dinheiro tende a ir não pra atividade produtiva, mas pro mercado financeiro. Com os juros muito altos, qualquer pessoa que iria investir, não vai investir muito.”
Além desses temas, Pimenta abordou outras notícias da semana e respondeu à várias perguntas do público sobre todo tipo de assunto. A Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, vai ao ar todo sábado, às 13h, na Causa Operária TV, no YouTube. Não perca!