O ex-presidente Jair Bolsonaro deve virar réu ainda nesta semana. Foto: Marco Bello/Reuters

Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aguarda o julgamento que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado, aliados do líder de extrema-direita temem, nos bastidores, que uma condenação abale a influência eleitoral do campo bolsonarista antes das eleições de 2026.

Para pessoas próximas do ex-presidente, incluindo membros do Centrão, o cenário jurídico é desfavorável e a principal esperança está no apoio internacional, especialmente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Eles não têm mais como atuar no Brasil. Se não for Trump, acabou. Por isso, Eduardo ter ido foi a cartada final”, disse um líder do Centrão à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, referindo-se à mudança do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os EUA, anunciada dias antes do julgamento.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia na terça-feira (25) o julgamento para decidir se aceita a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros sete acusados. A análise se estenderá até quarta-feira (26) e pode resultar no ex-presidente como réu.

ex-presidente Jair Bolsonaro cabisbaixo, com cara de choro e mãos no rosto
O ex-presidente Jair Bolsonaro – Reprodução

O grupo político espera que o presidente dos EUA possa acolher Bolsonaro e sua família caso a situação se agrave, enquanto o empresário bilionário Elon Musk, aliado de Trump, poderia pressionar as big techs em apoio ao ex-presidente brasileiro. Apesar das especulações, Bolsonaro ainda não indicou qualquer intenção de deixar o país.

Nos bastidores, a orientação dada ao ex-presidente é evitar demonstrações de preocupação pública com o julgamento, reforçando a narrativa de perseguição política.

Parlamentares bolsonaristas indicam que o ex-presidente deve permanecer em Brasília no primeiro dia da sessão, mas não há confirmação de sua participação em reuniões políticas previstas para a data. Deputados e senadores aliados organizam um encontro na capital federal para discutir estratégias legislativas e a articulação em torno do chamado PL da Anistia.

Primeiros denunciados

A denúncia da PGR divide os investigados em diferentes núcleos, e Bolsonaro está no grupo considerado mais relevante, composto pelos supostos líderes da organização criminosa. Entre os demais denunciados estão ex-ministros de seu governo, como Walter Braga Netto (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa).

A Primeira Turma do STF, responsável pelo caso, é composta pelos ministros Cristiano Zanin, Carmen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Luiz Fux.

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Last Update: 24/03/2025