Diante do completo insucesso da ocupação sionista em achar uma liderança local colaborativa e legítima em Gaza, “Israel” agora inventa uma figura farsante: Iasser Abu Shabab. Ele tem histórico de hostilidade à resistência, especialmente ao Hamas, e foi preso diversas vezes por tráfico e outros crimes. Foi libertado nos primeiros dias da guerra, após bombardeios destruírem instalações de segurança em Gaza e remodelado pela máquina de propaganda israelense como o suposto “garantidor” da ajuda humanitária em Rafá.
Após a destruição parcial da segurança de Gaza nos primeiros dias da guerra, Abu Shabab formou uma milícia armada com cerca de cem homens, muitos deles ex-detentos. Com o apoio direto do exército de ocupação, seu grupo passou a dominar os acessos ao leste de Rafá, violentamente se impondo sobre os comboios de ajuda. Relatórios da ONU e investigações da imprensa expuseram seu envolvimento no assassinato de motoristas e no roubo sistemático de suprimentos.
Paralelamente, uma campanha de propaganda coordenada entre Telavive e Washington começou a promover Abu Shabab como um “líder local”, sob o pretexto de trazer estabilidade à distribuição da ajuda. Vídeos e fotos cuidadosamente editados foram divulgados, mostrando membros de sua gangue uniformizados e armados, tentando apresentar o grupo como uma força organizada.
Os moradores do leste de Rafá conhecem bem a quadrilha que hoje domina a distribuição de ajuda. Trata-se de um grupo antigo, com longo histórico criminal anterior à atual guerra, frequentemente envolvido em contrabando, roubos e agressões. Muitos de seus integrantes passaram anos nas prisões dos serviços de segurança palestinos. Iasser Abu Shabab é uma figura central dessa quadrilha.
Uma nota interna da ONU, divulgada no The Washington Post, afirma que essas gangues recebem “tolerância, senão proteção direta do exército israelense”, destacando que Abu Shabab montou uma espécie de “base militar” em áreas controladas pela ocupação. Relatos de funcionários humanitários confirmam que soldados israelenses estavam presentes perto dos saques e nada fizeram.
A exibição dessa “nova força” ocorre paralelamente ao marketing da iniciativa liderada por “Israel” e EUA, que criou recentemente, na Suíça, uma entidade chamada “Fundação Humanitária Gaza”, encarregada de distribuir ajuda em regiões específicas do sul do território.
Na prática, membros do grupo aparecem fortemente armados, impondo seu domínio sobre a distribuição dos suprimentos. Seu discurso público, cada vez mais elaborado, ecoa perfeitamente a propaganda israelense, inclusive com mensagens em árabe voltadas ao público regional.
Essa operação integra um plano maior para transformar a ajuda humanitária em ferramenta de chantagem e deslocamento forçado, pressionando a população rumo à fronteira com o Egito. A propaganda é reforçada por imagens divulgadas pela imprensa israelense, que tentam mostrar a suposta eficácia do novo esquema em áreas como Tel al-Sultan, em Rafá. No entanto, testemunhos locais e os próprios detalhes das imagens (ângulos, timing e rostos) indicam que a encenação envolvia integrantes do grupo de Abu Shabab.
No entanto, a farsa enfrentou forte oposição popular. As facções da resistência divulgaram imagens que revelam a colaboração direta da milícia com as tropas israelenses, inclusive em operações secretas contra palestinos em Rafá. O escândalo foi tão grande que nem sua própria família o apoiou.
Em comunicado público, os líderes da família Abu Shabab anunciaram o rompimento total com Iasser, denunciando sua traição e exigindo que qualquer parente envolvido com ele se afastasse imediatamente. “Seu sangue está perdido”, afirmaram os anciãos, reafirmando o compromisso da família com a resistência e com a luta do povo palestino.
“No início, demos apoio moral a Iasser”, afirmou a família. “Ele dizia que estava ajudando a entregar ajuda humanitária de forma independente. Mas então, jovens confiáveis próximos a ele compartilharam detalhes chocantes.”
A nota acusa Iasser de manipular os próprios parentes e manchar a história da família, marcada pela resistência. Os líderes prometeram responsabilizá-lo por todos os meios necessários, e fizeram um alerta: quem continuar ao seu lado enfrentará “consequências implacáveis”.
O anúncio ocorre em meio à crescente revolta em Gaza contra indivíduos que exploram o caos gerado pela destruição das forças de segurança locais pelas forças sionistas. A colaboração com o inimigo é vista como uma traição à dor coletiva da população, que já soma mais de 36 mil mortos e 1,7 milhão de deslocados desde 7 de outubro de 2023.
A tentativa de transformar Abu Shabab em uma espécie de “Robin Hood” local — enquanto saqueia a ajuda sob escolta israelense — não é mais que uma manobra desesperada do regime sionista para disfarçar seu fracasso. É mais uma faceta da política de desintegração nacional promovida por “Israel”, que busca substituir a união popular de Gaza por milícias criminosas subordinadas ao invasor.