O delegado Fernando de Sousa Oliveira, ex-número dois da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, afirmou que a viagem do secretário Anderson Torres aos Estados Unidos às vésperas dos ataques de 8 de Janeiro de 2023 foi uma “surpresa”.
A declaração consta do interrogatório de Oliveira no Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira 24. Ele é um dos seis réus no núcleo 2 da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo o delegado, Torres foi alertado sobre a chegada de caravanas a Brasília e o risco de violência nos atos. Oliveira disse ter questionado o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), sobre a viagem de Torres. “O governador me pareceu surpreendido com a viagem do secretário”, afirmou.
O depoente também disse ao STF ter perguntado a Torres se não seria “correto” adiar a viagem. A resposta, porém, teria sido que havia “confiança na Polícia Militar do DF” e que “o Plano de Ação Integrada estava perfeito”.
“Pedi a reconsideração da viagem. Ele tinha total ciência do que poderia vir a acontecer”, detalhou. “Ele demonstrava bastante confiança na Polícia Militar.”
Fernando Oliveira declarou também que a PM, responsável por executar a operação, “simplesmente deixou de cumprir diversas ações previstas”. Segundo ele, a corporação negou um pedido para contar com o suporte da Força Nacional, por motivo desconhecido.
Também são réus no núcleo 2 da trama golpista:
- Filipe Garcia Martins Pereira (ex-assessor internacional da Presidência da República)
- Marcelo Costa Câmara (coronel da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência)
- Marília Ferreira de Alencar (delegada e ex-diretora de Inteligência da Polícia Federal)
- Mário Fernandes (general da reserva do Exército)
- Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal).