
A bomba GBU-57/B, conhecida como Massive Ordnance Penetrator (MOP), é a arma não nuclear mais poderosa dos Estados Unidos e a única atualmente capaz de atingir a instalação nuclear subterrânea de Fordow, no Irã. Com cerca de 13,6 toneladas, o artefato foi desenvolvido especificamente para atravessar camadas profundas de solo, rocha ou concreto antes de detonar.
Projetada para destruir estruturas escondidas no subsolo, a MOP consegue penetrar até 60 metros de profundidade sem explodir. O único bombardeiro autorizado a carregar a bomba é o B-2 Spirit, aeronave furtiva da Força Aérea americana.
Em 2023, o sistema foi atualizado com uma espoleta inteligente que permite a detonação mesmo sem a localização exata do alvo, além de possibilitar ataques em camadas com múltiplas bombas lançadas sequencialmente.
A capacidade de destruição da GBU-57 é considerada estratégica, mas especialistas indicam que a profundidade estimada dessa base, entre 80 e 100 metros, pode estar além do alcance da bomba, o que limitaria sua eficácia. O uso do armamento, portanto, serviria mais como ferramenta de dissuasão do que como solução definitiva.
Além de Fordow, o Irã também expande túneis subterrâneos na base de Natanz, outro centro nuclear. A construção avançou especialmente após os EUA abandonarem o acordo nuclear em 2018. Desde então, Teerã acelerou o enriquecimento de urânio e, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), já produziu partículas com até 83,7% de pureza, a poucos passos do nível necessário para armas nucleares.

Mesmo que uma ofensiva militar liderada pelos EUA destruísse fisicamente parte dessas instalações, o conhecimento técnico acumulado pelo Irã não seria eliminado. O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) alerta que um ataque pode atrasar o programa nuclear, mas não impedir sua retomada. Segundo o órgão, “o conhecimento sobre o ciclo de combustível nuclear permaneceria intacto”.
O uso da MOP já foi testado em cenários reais: em outubro do ano passado, bombardeiros B-2 lançaram bombas contra alvos no Iêmen ligados aos rebeldes Houthi. Foi a primeira operação desse tipo em anos e serviu também como recado ao Irã, segundo o então secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin.
Em meio à crescente tensão com Israel e aos avanços nucleares iranianos, os Estados Unidos reforçaram a presença militar no Oriente Médio. Além de deslocamentos de aviões e navios, o arsenal estratégico (com destaque para a MOP) voltou ao centro das discussões sobre possíveis cenários de conflito, ainda que nenhuma decisão sobre um ataque tenha sido oficializada.